Keanu Reeves acertou em cheio com “Bill & Ted: Encare a Música”
Retornar a uma franquia muitos anos depois é quase sempre uma tentativa de ganhar um troco fácil nos cinemas. Will Smith tentou isso no início do ano com “Bad Boys”, com resultado desprezível. Mas Keanu Reeves acerta em cheio com “Bill & Ted: Encare a Música”, de novo ao lado do parceiro Alex Winter no papel da dupla cômica.
Em 1989, “Bill & Ted: Uma Aventura Fantástica” estourou nas bilheterias americanas. Despretensioso, contava a história de dois adolescentes idiotas que tocam guitarra muito mal e mesmo assim tentam fazer uma banda de rock de sucesso.
Um emissário do futuro chega numa máquina do tempo e eles acabam descobrindo que nos séculos seguintes a dupla se tornou a principal influência para a sociedade, verdadeiros gurus de comportamento.
Então passam a viajar na máquina, que tem o formato de uma cabine telefônica, e nesse vaivém temporal conhecem Napoleão, Freud, Billy The Kid, Beethoven e outras figuras históricas, e também namoram duas princesas inglesas do século 15.
Lançada em 1991, a continuação “Bill & Ted: Dois Loucos no Tempo” tem ecos de “O Exterminador do Futuro”. Um vilão do século 25, querendo eliminar a influência de Bill e Ted no planeta, envia para o presente dois robôs, réplicas da dupla, com a missão de eliminar e substituir os originais. Numa caçada de gato e rato, Bill e Ted acabam indo parar no inferno, onde jogam com a Morte.
Se pode ser difícil acompanhar o enredo dos dois primeiros filmes, esse terceiro é realmente destinado aos fanáticos pela dupla. Cinquentões, Bill e Ted ainda não conseguiram compor e gravar a maior música de todos os tempos. Segundo eles aprenderam no futuro, essa música foi capaz de unir a humanidade em harmonia e transformar o planeta num lugar bacana para se viver.
Apesar de muitas tentativas, eles são um fracasso e não conseguiram de jeito nenhum encontrar a tal música. Mas o que era só frustração acaba se transformando numa situação desesperadora. Bill e Ted são avisados por emissários do futuro que se eles não escreverem a tal música e a gravarem dentro de poucas horas, o universo entrará em colapso e o mundo estará acabado.
Sem mais ideias para compor, eles resolvem usar de novo a cabine telefônica para ir seguidamente a várias épocas futuras e descobrir como foi que eles conseguiram gravar a tal música.
A estratégia provoca vários encontros dos heróis com as versões deles no futuro, em diálogos de morrer de rir. Enquanto isso, uma trama paralela é simplesmente a melhor coisa do filme.
As filhas adolescentes de Bill e Ted querem ajudar os pais e, com auxílio de outra máquina do tempo, viajam para recrutar músicos que possam formar a maior banda de todas. Assim, convidam Jimi Hendrix, Louis Armstrong, Mozart e e outros ícones musicais.
As jovens atrizes Brigette Lundy-Paine e Samara Weaving são fantásticas na tarefa de repetir gírias e trejeitos de seus pais, eternos adolescentes. As versões meninas de Bill e Ted já valem o ingresso do filme.
O roteiro é realmente engraçado, mas certamente quem assistiu aos dois primeiros filmes vai ter uma diversão muito maior acompanhando a trama. Afinal, é preciso ter criado simpatia com a burrice lacônica dos dois garotos.
Bill e Ted realmente criaram uma legião de fãs. Os dois filmes lançados há três décadas consagraram uma série de gírias adolescentes em inglês, como “excellent”, e renderam muitos filhotes -uma série de TV com outros atores, uma série de animação, games, gibis, jogos de tabuleiro e muitos brinquedos e bonecos com as figuras de Keanu Reeves e Alex Winter.
Os dois atores também souberam aproveitar a onda. Reeves se transformou em astro de filmes de ação, como a célebre trilogia “Matrix” e os longas do personagem John Wick, o matador profissional que arrebentou nas bilheterias recentes.
Por seu lado, Winter trabalhou mais como diretor e fez uma grande fornada de videoclipes criativos. Em seus filmes, apostou muito em novas tecnologias. Embora sem o sucesso popular do parceiro, ele se tornou nome cultuado pela moçada mais ligada ao mundo nerd.
“Bill & Ted: Encare a Música” pode não ser indicado a todos os gostos, mas é uma excelente comédia.
FONTE: FOLHAPRESS
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