Presidente vai rebater críticas internacionais de que o país é responsável por aumento de desmatamento e queimadas no Pantanal e na Amazônia
Assim como ocorreu no ano passado, o presidente Jair Bolsonaro promete fazer mais um discurso duro na abertura nos debates da 75.ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), nesta terça-feira (22).
Ao abordar o tema ambiental, ele deve repetir parte do que disse no ano passado, quando afirmou que a Amazônia era um problema brasileiro e atacou nações internacionais por fazerem críticas à atuação de seu governo.
Bolsonaro, mais uma vez, deve afirmar que há uma perseguição contra o Brasil com objetivos econômicos.
A segunda participação de Bolsonaro na convenção ocorrerá de modo virtual por causa da pandemia do novo coronavírus. O discurso foi gravado na quarta-feira (16), e enviado no dia seguinte para a organização da Assembleia Geral. Tradicionalmente, cabe ao presidente brasileiro o discurso de abertura.
Na tentativa de demonstrar que não está indiferente ao meio ambiente, deve mencionar que ele mesmo designou o vice-presidente Hamilton Mourão para a presidência do Conselho Nacional da Amazônia, citando “mobilização de recursos para controlar o desmatamento, combater atividades ilegais e o crime organizado na Amazônia”.
Como antecipou em um discurso em Mato Grosso, na semana passada, Bolsonaro deve elogiar o agronegócio, “que não parou durante a pandemia”, e dizer que graças a ele aproximadamente 1 bilhão de pessoas foram alimentadas em todo o mundo. Ele também dirá ser contrário ao aumento da demarcação de terras protegidas, conforme antecipou em Sinop, sexta-feira (18).
“No ano passado, falei do agronegócio, falamos também que era inadmissível o país ter a quantidade que tinha de terra demarcada para índios e quilombolas. Os índios são nossos irmãos, são nossos parceiros, eles merecem a sua terra, mas dentro de uma razoabilidade”, comentou Bolsonaro.
Segundo ele, a ONU gostaria que o Brasil passasse de 14% do território demarcado para 20%. “Falei-lhes não. Nós não podemos sufocar aqulo que temos aqui que tem nos garantido a nossa segurança alimentar e a segurança alimentar para mais de um bilhão de habitantes do mundo”, declarou aos mato-grossenses.
Bolsonaro deve pedir ainda o fim de barreiras comerciais que prejudicam a agricultura brasileira.
Bolsonaro deve alegar ainda que o Brasil tem avançado na implementação da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da ONU. No discurso, deve destacar que a preservação ambiental tem que seguir junto com o desenvolvimento econômico.
Se em 2019 Bolsonaro atacou a Venezuela e o socialismo, a novidade neste ano será a covid-19. O presidente brasileiro deve dizer que adotou diretrizes contrárias às recomendações de autoridades sanitárias e, por isso, o mal não foi maior.
Desde o início da pandemia, o presidente tem se mostrado contrário à paralisação das atividades econômicas e ao lockdown. Em várias manifestações no início da crise sanitária, minimizou os efeitos da doença e, mais tarde, disse que tão grave quanto a covid-19 era a fome e o desemprego.
Bolsonaro tem repetido que o país, que registra mais de 136 mil mortes pelas doença, foi um dos que melhor enfrentou a crise.
Ele também deve citar que graças à sua resistência em determinar a paralisação das atividades econômicas e ao auxílio-emergencial de R$ 600 mensais recebido por mais de 60 milhões de brasileiros, o chamado “coronavoucher”, a economia brasileira seguiu em funcionamento e as perspectivas de recessão do país não são tão severas quanto as de outras nações emergentes, como a Índia.
FONTE: R7, com Agência Estado
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