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Mesmo com auxílio emergencial, 52% das mães perderam renda

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - MAY 08: A mother and her child walk wearing a face mask during the partial lockdown in the Campo Grande neighborhood on May 08, 2020 in Rio de Janeiro, Brazil. Campo Grande is the neighborhood with the highest number of complaints of crowding during the quarantine and the second with the most deaths from coronavirus (COVID -19) in the city of Rio de Janeiro according to City Hall. According to the Brazilian Health Ministry, Brazil has 135,106 positive cases of coronavirus (COVID-19) and a total of 9,146 deaths. (Photo by Bruna Prado/Getty Images)

A renda das mães com filhos pequenos foi mais influenciada do que de mulheres sem filhos

Mesmo com o auxílio emergencial, famílias brasileiras perderam parte da renda na pandemia do novo coronavírus. E um novo estudo mostra que o impacto foi ainda maior para parte das mães e mulheres.

A startup Famivita, que vende vitaminas e suplementos naturais para mulheres, sobretudo as que desejam engravidar, realizou uma pesquisa com 7.500 mulheres em seu site, entre 27 e 28 de julho.

A perda de renda e trabalho para as mães foi relativamente maior na pesquisa do que para as mulheres sem filhos. Entre as mães com filhos pequenos, 39% perderam o emprego e 52% perderam renda. As mães foram 16% mais demitidas e suas famílias perderam 21% mais renda do que a média das mulheres ouvidas.

O estudo leva em conta não só a renda direta obtida pelas mulheres, mas renda de outros membros da família à qual elas tinham acesso. Assim, a redução da renda ou perda do emprego no restante da família também impacta os números.

Mesmo antes da pandemia, as mães já estavam menos presentes no mercado de trabalho: cerca de metade das respondentes no estudo tinha um emprego antes do começo da crise. A ausência de metade das mães do mercado vai desde opção própria das mulheres como a dificuldade de reinserção delas nos empregos após o parto, como mostram outros estudos.

O estudo também mostra que, sem o auxílio emergencial de 600 reais fornecido a adultos com renda baixa durante a pandemia, o cenário seria ainda pior. Quase metade (46%) das mulheres entrevistadas responderam que receberam o auxílio emergencial.

As mulheres também receberam mais o auxílio na comparação com os homens. A pesquisa identificou ainda que 57% das famílias com filhos pequenos recebeu o auxílio. Além da renda, o governo também dobrava o auxílio no caso de mulheres chefes de família — de 600 reais para 1.200 reais.

Os dados apontam que a perda de emprego e renda por parte das mulheres é ainda desigual em todo o país. Os estados do Norte e do Nordeste foram os lugares onde as mulheres mais perderam os empregos. O líder neste triste ranking é o Amazonas, onde 61% das mulheres perdeu o emprego.

O lugar onde as mulheres menos perderam emprego dentre as entrevistadas foi em Santa Catarina (com 28% das mulheres tendo perdido o trabalho). Ainda assim, metade delas perdeu renda. O cenário é parecido em outros estados do Sul e do Sudeste. No Rio Grande do Sul, 31% perdeu emprego e 51% perdeu renda. Em São Paulo, 33% perderam o emprego e 49% a renda.

“O que chama atenção é que, embora em alguns estados os empregos tenham sido parcialmente mantidos, ainda assim houve uma grande perde de renda mesmo nesses lugares”, diz Carolina Virgilli, uma das organizadoras do estudo e responsável por marketing e conteúdo na Famivita, que tem mais de 50.000 clientes utilizando seus produtos de fertilização natural, que podem ser vendidos sem receita. A startup produz estudos e pesquisas com conteúdo relacionado à maternidade.

Mais trabalho doméstico
A saída das mulheres do mercado de trabalho em meio à pandemia é um dos fatores mais preocupantes em meio à crise, e a divisão desigual das tarefas pode também impactar as mulheres no mercado de trabalho formal.

Muito do trabalho realizado pelas mulheres no Brasil não é remunerado. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) sobre Outras Formas de Trabalho 2019, divulgada em julho deste ano, apontou que a mulher tem peso importante no Brasil, sobretudo no que se refere a afazeres domésticos, enquanto a produção para consumo próprio é atividade mais masculina.

É o que o estudo chama de “trabalho invísvel”. As mulheres se dedicam cerca de 20 horas semanais a esse tipo de atividade, como cuidar da casa e dos filhos.

No ano passado, 92% das mulheres realizaram serviços domésticos, ante quase 79% dos homens, segundo o IBGE. A maior diferença na realização de afazeres domésticos entre homens e mulheres foi nas regiões Nordeste e Norte. A região Sul apresentou o maior percentual de homens no serviço doméstico (84%). A realização de afazeres domésticos é maior por parte de homens mais jovens e com ensino superior completo.

FONTE: EXAME.COM

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