A presidente Dilma Rousseff anunciou na ultima segunda-feira uma nova leva de sete ministros: Antonio Carlos Rodrigues para o Ministério do Transporte; Gilberto Occhi para a Integração Nacional; Miguel Rossetto para a Secretaria Geral; Patrus Ananias para o Desenvolvimento Agrário; Pepe Vargas para as Relações Institucionais; Ricardo Berzoini para as Comunicações e Carlos Gabas para a Previdência.
Entre os nomeados estão cinco ministros do PT, um do PR e um do PP. Nesta nova etapa, a presidente fechou os petistas que emperravam a reforma ministerial, por conta de disputas entre as diferentes correntes do partido. Sai fortalecida a minoritária Democracia Socialista (DS), com a ida de Rossetto e Pepe para o Palácio do Planalto, integrando o círculo de confiança da presidente, em detrimento da corrente majoritária, Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual faz parte Berzoini, deslocado para as Comunicações. Nos últimos anos, a CNB, teve alguns de seus expoentes envolvidos no mensalão e, agora, está às voltas com os escândalos de corrupção detectados pela Polícia Federal na Petrobras.
Um dos principais motivos para a demora no anúncio de mais nomes para os ministérios foi a insatisfação da principal tendência do PT, CNB, com as escolhas que Dilma sinalizou que iria fazer. Integrantes da CNB manifestaram nos bastidores contrariedade com a perda de espaço no novo desenho ministerial para uma ala petista de menor expressão.
Patrus, Berzoini e Gabas são da CNB. Rossetto e Vargas, da Democracia Socialista. Os dois passam agora a integrar o núcleo político do Palácio do Planalto, em substituição a dois ministros da CNB que sempre foram muitos fiéis a Lula: Berzoini (Relações Institucionais) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral). E o atrito entre Dilma e a corrente majoritária do PT ainda tem espaço para piorar.
Integrantes da CNB afirmavam que a presidente pretende nomear o deputado Alessandro Molon (PT-RJ), também da Mensagem, para a Secretaria de Comunicação Social, pasta responsável pela distribuição das verbas publicitárias do governo. Para um dirigente do PT, no entanto, essa nomeação será “uma guerra” interna na sigla.
Desde o primeiro governo de Lula, a composição de forças dentro do PT vinha se refletindo na distribuição dos ministérios. Dilma, no entanto, parece estar ignorando essa tradição. Mesmo assim, integrantes da CNB diziam nesta segunda-feira que ainda tinham esperanças de que a presidente levasse em conta o equilíbrio interno de forças do partido e não nomeasse Molon.
Para compensar a perda de espaço, a CNB quer emplacar o deputado José Guimarães (PT-CE) para a liderança do governo na Câmara. Essa função atualmente é exercida pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS), também da Mensagem.
Da cota petista, já havia sido anunciado como ministro, na semana passada, Jaques Wagner para a Defesa. Apesar de ele ter boa relação com a CNB, Wagner é de uma corrente chamada Reencantando, que só atua na Bahia.
Da corrente majoritária ainda devem ser confirmados Ideli Salvatti nos Direitos Humanos e Aloizio Mercadante, na Casa Civil, embora este último não defenda os interesses do partido no governo, sendo, inclusive, alvo de queixas da CNB. A presidente deve manter ainda José Eduardo Cardozo, que é da Mensagem, no Ministério da Justiça.
Até o final da tarde de segunda, poucas horas antes do anúncio, integrantes da corrente majoritária do PT ainda alimentavam a expectativa de que Dilma recuasse da intenção de nomear Pepe Vargas, da corrente Democracia Socialista, para as Relações Institucionais, pasta responsável pela articulação política.
Para além da luta interna, o PT perdeu espaço no novo governo ao ser substituído no comando do Ministério da Fazenda e da Educação. Os petistas também queriam emplacar o tesoureiro da campanha à reeleição, Edinho Silva, no Ministério do Esporte, mas a pasta acabou sendo entregue ao pastor George Hilton, do PRB.
Apesar desses entraves, nem tudo é reclamação na CNB. A corrente ficou satisfeita com a ida de Berzoini para as Comunicações. Como ele tem uma posição pessoal favorável à regulação da mídia, uma das bandeiras do PT, sua nomeação foi interpretada como um sinal de que Dilma promoverá a “democratização dos meios de comunicação” em seu segundo mandato.
Lideranças petistas afirmaram que Dilma até conversou sobre a reforma ministerial com Lula e com o presidente do PT, Rui Falcão, mas não levou suas opiniões em conta:
— Ela está fazendo um Ministério à sua imagem e semelhança — afirmou um integrante da CNB.
No último dia 17, ao participar da cúpula de presidentes do Mercosul, Dilma chegou a desabafar com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, afirmando que estava “muito difícil” formar um novo governo.
Das 15 pastas em aberto, dez devem continuar com os atuais titulares, e cinco devem mudar de comando. São elas: Relações Exteriores, Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Comunicação Social (Secom), Cultura e Assuntos Estratégicos (SAE).
Na última terça-feira, foram anunciados treze ministros, sendo seis do PMDB, um do PT, um do PSD, um do PCdoB, um do PRB e um do Pros. Foram eles: Aldo Rebelo (Ciência Tecnologia e Inovação), Cid Gomes (Educação), Edinho Araújo (Secretaria de Portos), Eduardo Braga (Minas e Energia), Eliseu Padilha (Secretaria de Aviação Civil), George Hilton (Esporte), Gilberto Kassab (Cidades), Helder Barbalho (Pesca), Jaques Wagner (Defesa), Kátia Abreu (Agricultura), Nilma Lino Gomes (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial); Valdir Simão (Controladoria Geral da União) e Vinicius Lages (Turismo).
No final de novembro a presidente já havia anunciado a nova equipe econômica: Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Armando Monteiro (Desenvolvimento Econômico), além da permanência de Alexandre Tombini no Banco Central. Os ministros tomarão posse no dia 1o. de janeiro, no Palácio do Planalto, após a presidente ser empossada no Congresso.
Fonte: O Globo
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