Após denúncia anônima, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é alvo de um processo de impeachment enquanto busca a reeleição nas eleições de 2020
O fim da terça-feira (24) foi de tensão nos Estados Unidos. A presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, anunciou a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Donald Trump. “Ninguém está acima da lei”, disse a congressista em pronunciamento oficial no qual anunciou a medida.
O movimento acontece a pouco mais de um ano das eleições americanas de 2020, quando o republicano tentará a reeleição. Até agora, 203 representantes se manifestaram a favor da abertura do processo. Para aprová-lo, é necessária a maioria simples da casa, que é composta por 435 congressistas e controlada por uma maioria democrata.
No centro da polêmica não está a Rússia, cujas relações com Trump são investigadas por uma suposta interferência nas eleições presidenciais em 2016, mas sim a Ucrânia. Tudo começou em 12 de agosto quando uma denúncia anônima feita por uma pessoa que seria da comunidade de inteligência dos Estados Unidos. De acordo com essa fonte, Donald Trump teria conversado ao telefone com o líder de outro país e “feito uma promessa”.
A história, no entanto, só veio à tona um mês depois, em 18 de setembro, quando o jornal americano The Washington Post noticiou a existência daquela denúncia. Aos poucos, novas informações vieram à tona, revelando que o líder em questão seria o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e que a ligação teria acontecido em 25 de julho.
O tema da conversa foi Joe Biden, ex-presidente dos Estados Unidos na gestão de Barack Obama e atual líder das pesquisas de intenção de votos para 2020 entre os pré-candidatos democratas. Até o momento, o maior rival de Trump na busca pela reeleição no ano que vem.
O presidente dos Estados Unidos pediu ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que investigasse um dos filhos de Joe Biden e disse que instruiria seu advogado e procurador-geral a procurá-lo para “ir ao fundo” da questão, segundo transcrição de uma ligação ocorrida em julho entre os dois líderes e liberada pela Casa Branca.
A transcrição também mostra que Trump, antes de pedir ao ucraniano que verificasse ações do filho de Biden, lembrou Zelensky que os EUA enviam auxílio de segurança para a Ucrânia. “Eu direi que fazemos muito pela Ucrânia”, disse ele. “Fazemos muitos esforços e gastamos muito tempo.”
Segundo a transcrição, Trump não fez uma ligação explícita durante o telefone entre a ajuda dos EUA – que ele havia suspendido uma semana antes – e uma investigação sobre o filho de Biden. Zelensky respondeu que o presidente estava absolutamente certo e que os países europeus “não estavam trabalhando o quanto deveriam trabalhar pela Ucrânia”.
A transcrição, divulgada na manhã de hoje, não é literal e se baseia em “anotações e memórias” de autoridades da Sala de Situação e do Conselho de Segurança Nacional, explicou a Casa Branca.
Na ligação, Trump menciona uma alegação refutada de que seu advogado, Rudy Giuliani, tem feito há meses: que Biden, na condição de vice-presidente, pediu o afastamento do procurador-geral da Ucrânia para proteger seu filho, Hunter, que fazia parte do conselho executivo de uma empresa cujo proprietário tinha sido alvo de investigação pelo procurador.
Nesta quarta-feira, 25, Trump e Zelensly devem se encontrar pessoalmente pela primeira vez em Nova York, onde acontece a Assembleia Geral da ONU. O presidente da Ucrânia agora terá de medir muito bem as suas palavras sobre e durante a reunião, sob pena de se ver em uma saia justa seja com o atual presidente, no caso Trump, ou com o possível próximo presidente, Biden, se eleito em 2020.
FONTE: EXAME.COM
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