Em São Paulo, o juiz voltou a defender que um condenado seja preso após decisão de segunda instância
O juiz federal Sergio Moro afirmou que tem esperanças de que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) serão “sensíveis” ao atual quadro de corrupção do país e irão manter o precedente que garante que condenados sejam presos após decisão da segunda instância, independente de recurso ao próprio STF ou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
“Tenho um grande respeito pelo STF”, disse Moro durante evento da Casa Hunter, ONG que busca uma vida melhor para pacientes com doenças raras, realizado neste domingo em São Paulo. “Louvo a decisão de 2016 do ministro Teori Zavascki, que foi um passo fundamental para uma mudança mais perceptível no nosso ordenamento jurídico”, afirmou.
Moro falou sobre o assunto quando perguntado sobre as recentes decisões do ministro do STF, Gilmar Mendes, que concedeu habeas corpus a empresários presos após julgamento em segunda instância.
A esposa do juiz, Rosângela Moro, foi homenageada pela Casa Hunter com o prêmio Gente Rara por seu trabalho de destaque em defesa da causa das doenças raras. Moro também participou do evento, com uma palestra sobre corrupção. Durante a exposição, o juiz defendeu a criação de leis mais eficientes, que reduzam as oportunidades para crimes de corrupção, como a redução de cargos de confiança em todas as esferas e instâncias.
Setor privado
Ainda sobre o tema da corrupção, ressaltou a importância de o setor privado resistir ao pagamento de propinas. Para Moro, existem casos em que empresários são extorquidos por políticos, tornando-se vítimas. Porém, lembrou que na maioria dos casos de corrupção investigados pela Lava-Jato, a relação entre políticos e empresários foi de cumplicidade.
Acusações contra Carlos Zucolotto
Durante a sessão de perguntas dos jornalistas, Moro negou as recentes acusações, divulgadas neste domingo pelo jornal Folha de S.Paulo, de que seu amigo íntimo, Carlos Zucolotto, estaria envolvido em negociações paralelas com a força-tarefa da Operação Lava Jato. “O relato é absolutamente falso”, afirmou, acrescentando que já disse tudo o que tinha a declarar sobre o assunto.
O advogado Rodrigo Tacla Duran, que trabalhou para a Odebrecht de 2011 a 2016, foi quem acusou Zucolotto de intermediar negociações paralelas dele com a Lava Jato. O advogado trabalhista é amigo e padrinho de casamento de Moro e foi sócio de um escritório com sua esposa, Rosângela Moro.
Zucolotto é também defensor do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima em ação trabalhista que corre no STJ. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, as conversas de Zucolotto com Tacla Duran envolveriam abrandamento de pena e diminuição da multa que o ex-advogado da Odebrecht deveria pagar em um acordo de delação premiada. Em troca, segundo Duran, Zucolotto seria pago por meio de caixa dois. O dinheiro serviria para “cuidar” das pessoas que o ajudariam na negociação, segundo correspondência entre os dois que o ex-advogado da Odebrecht diz ter em seus arquivos.
Fonte: Veja
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