A safra de algodão do Brasil na temporada 2017/18, cuja colheita está começando, pode atingir um recorde de cerca de 2 milhões de toneladas da pluma, após o clima favorável e forte aumento de área plantada, e produtores impulsionados por boa rentabilidade já se preparam para uma nova expansão de plantio no próximo ciclo (2018/19).
“Vai chegar a 2 milhões de toneladas”, disse à Reuters o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo Moura, também CEO da Terra Santa Agro, uma das maiores produtoras da pluma do Brasil.
A safra brasileira nunca ficou acima de 2 milhões de toneladas, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que na previsão do início do mês estimou a colheita em 1,94 milhão de toneladas da pluma.
A afirmação de Moura foi feita durante o evento Clube da Fibra, após palestra do sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, que estimou a produção da temporada atual em 1,9 milhão de toneladas.
“As últimas observações indicam desempenho melhor em Mato Grosso e Bahia em relação ao que esperávamos”, declarou Pessôa sobre os dois principais Estados produtores do Brasil.
A previsão da Agroconsult aponta um aumento em 2017/18 de 20 por cento da produção na comparação com a safra passada, após um crescimento de 26 por cento na área semeada.
“Houve um aumento expressivo na área e o clima também favoreceu”, acrescentou Moura, da Abrapa.
A colheita maior ocorre em meio a preços favoráveis no mercado internacional, em momento em que a China está com estoques mais baixos, e com um impulso de um câmbio favorável para exportadores no Brasil.
Dessa forma, o país deverá exportar 1 milhão de toneladas na temporada 2017/18 pela segunda vez na história, o que demandará desafios logísticos e financeiros, pontuou o analista da Agroconsult.
Com as cotações do algodão na bolsa ICE nos maiores níveis desde 2014, perto de 86 centavos de dólar por libra-peso, produtores já venderam antecipadamente mais de 75 por cento da safra que estão colhendo agora, segundo a Agroconsult.
NOVA SAFRA
Esses bons preços futuros indicam um novo aumento de área plantada na safra 2018/19, estimado em 17 por cento, para 1,38 milhão de hectares, segundo a Agroconsult.
Com tal plantio, a produção poderia subir o mesmo percentual, atingindo 2,2 milhões de toneladas da pluma, expôs Pessôa no evento em São Paulo.
A expectativa ocorre em meio a vendas da nova safra já em andamento, diante de boas perspectivas de demanda, segundo o diretor da Agroconsult.
O presidente da Abrapa, por sua vez, afirmou que com um plantio de 1,4 milhão de hectares projetado para 18/19 o Brasil recuperaria uma área plantada no passado, quando as produtividades eram menores.
Mas Ronaldo Pereira, vice-presidente da empresa de defensivos FMC, uma das três principais companhias fornecedoras desses insumos para algodão, pontuou que dessa vez o crescimento da cultura está sendo feito com o setor mais organizado e em terras mais consolidadas e produtivas.
Ele disse que também está otimista com o crescimento da área de soja em 2018/19, que em sua opinião deverá aumentar menos do que 3 por cento, com produtores investindo mais em crescimento de produção via ganhos de produtividade.
Pereira avalia que os produtores de soja estão acompanhando com cautela as disputas entre China e Estados Unidos, que recentemente trouxe mais demanda do país asiático para a soja brasileira.
Segundo ele, o agricultor brasileiro sabe que esta tensão comercial entre norte-americanos e chineses é “circunstancial”.
FONTE: REUTERS
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