Com a capacidade de exportação triplicada nos quatro portos instalados em Porto Velho – 13 milhões de toneladas por ano – o produtor de grãos de Rondônia não teve dúvida: milho como sucessor da soja para fechar a conta e ter boa lucratividade. A safrinha no estado alcançou este ano a casa dos 120 mil hectares de área plantada e, com a ajuda de São Pedro, estima-se uma produção superior a 551 mil toneladas. É a safrinha, mas bem que poderia ser chamada de safrão do milho.
A falta de chuva no começo do ano em algumas regiões do Cone Sul de Rondônia atrasaram em mais de 30 dias o plantio da soja e, consequentemente, o do milho. Para não perder tempo e aproveitar o bom humor de São Pedro, que vem enviando chuva e luz na medida certa, o produtor José Gripa acorda com os primeiros raios de sol, sobe no trator e segue para a lavoura. Ele repete a mesma rotina desde 1978, quando chegou à Rondônia atrás de um lugar sossegado para criar os filhos. “Amambaí (MS), cidade grande, já tinha muita droga, muita violência”, fala com dificuldade o produtor que venceu um câncer na língua aos 50 anos de idade.
Hoje, aos 85 anos, o agricultor José Gripa vê a terceira geração trabalhando nas lavouras de soja e milho do próspero município de Vilhena, a 700 quilômetros da capital do estado. A família cultiva uma área de 1.400 hectares. Marcos Gripa, o neto de 34 anos, se tornou um produtor arrojado. Utiliza sementes transgênicas Limagrain 6033, para colheita mais cedo e excelência na qualidade dos grãos e a híbrida convencional da Pionner 30S31; cultivar com potencial produtivo na safrinha e elevada estabilidade e tolerância ao estresse hídrico. Com a aplicação da alta tecnologia espera uma produtividade de 120 sacas de milho por hectare, totalizando 60 mil sacas da área onde produz. Já o avó, José, homem que banca a lavoura com recursos próprios, usou variedade de tecnologia inferior e estima uma colheita de 60 sacas por hectare. “Ele investe mais em soja. Mas hoje, produzir tanto soja como milho está mais fácil. O vô conta que era muito difícil quando ele começou. Para trazer produtos de Cuiabá passava cinco dias na estrada”, relata o neto orgulhoso.
A família Gripa é parte do grupo de produtores rondonienses que, nos últimos anos, optou pelo milho safrinha como sucessor da soja, quadriplicando a produção do grão no estado, que passou de 147,3 mil (safra 2010/2011) para 551,3 mil toneladas (safra 2014/2015). “Hoje em dia o agricultor que não planta milho, da soja não vive. Você tem que plantar o milho para completar a renda e não deixar as máquinas e os funcionários parados”, diz Marcos Gripa, que antes de colocar a semeadora no campo vendeu 25% da produção para a Cargill por R$ 20,00 a saca.
Fonte: rondoniagora
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