Grude
Dois dias após a Câmara Federal aprovar a admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff, com repercussão internacional, nas redes sociais em solo rondoniense o deputado federal Lindomar Garçon é quem conseguiu as atenções dos internautas pela forma com a qual se postou ao lado do microfone onde os parlamentares declararam o voto. Durante mais de dez horas o deputado se postou na frente das câmeras para aparecer nas TVs. Quando algum outro parlamentar tentava se aproximar, Garçon empurrava e distribuía até cotoveladas. Grudou no local feito papagaio de pirata. Tem TV que até hoje não conseguiu desgrudar da tela a cara lavada de Lindomar Garçon.
Palhaçada
Com toda escusas aos artistas circenses, mas na sessão da Câmara Federal os eleitores tiveram a oportunidade de ver a qualidade de político que elegeu. Um dos poucos que não apelou para a “palhaçada” foi exatamente o palhaço Tiririca. Transformaram uma sessão séria de julgamento num picadeiro. O parlamento parecia uma peça vulgar com atores igualmente ruins.
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Caricatura
Embora tenha sido uma sessão tensa e com uma pauta da maior significância que culminou com a autorização para abrir caminho para o impedimento da Presidente da República, as falas caricatas dos senhores deputados federais se destacaram: justificaram votar em nome das esposas, dos filhos, pais, avós, tios, papagaios, periquitos, enfim, a tudo, bem menos aos eleitores. Não houve um deputado que tenha votado e lembrado daqueles que em seu nome exercem as funções parlamentares. Há quem diga que o congresso é a cara da população, mas nosso povo não é a caricatura dos nossos representantes. Nem tudo está perdido!
Deposição
O processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff chegou ao Senado e, para que seja afastada, é necessário que quarenta e dois senadores (maioria simples) acolham as denúncias. De acordo com o senador Raupp, ouvido pela coluna, esta votação deverá ocorrer na primeira quinzena de maio. O senador acredita que no Senado o recebimento e o afastamento são favas contadas. Para o impeachment serão necessários cinquenta e quatro votos, um quórum qualificado. Uma esperança ainda que mínima para Rousseff. O problema é que esperança também morre. Raupp adiantou que acompanhará a decisão do PMDB favorável ao impedimento.
Devolução
Uma fonte revelou à coluna que o município de Porto Velho estaria devolvendo um volume enorme de recursos ao tesouro nacional porque a administração municipal não está sendo capaz de utilizá-los. Um exemplo concreto são os recursos destinados ao esgotamento sanitário que retornaram aos cofres da União (noventa milhões de reais) sem que as licitações fossem feitas. Há quem diga que os recursos federais são devolvidos porque o município tem medo de errar e se enrolar na prestação de contas. Sendo verdade esta informação, o prefeito deveria era devolver o mandato aos eleitores e cair fora.
Retaliação
Luís Flávio Carvalho Ribeiro foi exonerado hoje das funções de superintendente do Incra em Rondônia. Embora seja um servidor de carreira e com um desempenho bem avaliado como gestor, a dispensa é creditada à ligação com o PMDB, visto que a indicação era considerada da cota do senador Valdir Raupp. Com a decisão do partido em votar pelo impeachment, as nomeações políticas ligadas aos parlamentares da legenda estão sendo desfeitas. Os servidores do órgão querem que a presidente de plantão nomeie para o lugar do Flávio o ex adjunto, Brito do Incra, que, pela ilustração nominal, é também dos quadros do instituto.
Coerência
O deputado federal Expedito Neto (PSD), oposição ao governo desde a posse, foi o único da bancada rondoniense a dizer na fuça do encalacrado Eduardo Cunha que votará também pela cassação do presidente da Câmara assim que o processo chegar ao plenário. Especula-se nas coxias da Câmara Federal que há um conchavo em andamento, entre boa parte dos parlamentares que acolheram o pedido de impeachment de Dilma, para salvar Eduardo Cunha da cassação mesmo com o farto conjunto probatório da quebra de decorro quando disse que não possuía contas no exterior. Neto mostrou coerência ao antecipar o voto já que os demais membros da bancada federal incoerentemente fogem do assunto. Não esqueçamos que os oito votaram a favor do impeachment sob alegação de que Dilma cometeu crime (apesar das controvérsias que a questão permite).
Meios
Enquanto a maioria avassaladora da imprensa nacional se postou favorável ao impeachment e não manifestou nenhuma incongruência com Eduardo Cunha conduzindo o julgamento de admissibilidade, no último domingo a mídia estrangeira que acompanhou a sessão questionava a legitimidade de um julgamento presidido por um réu. É o que denominamos: os meios justificam os fins. Será?
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