Cidades

Queiroz Galvão pagou propina para barrar investigações de CPI, diz MPF

Empreiteira é alvo da 33ª fase da Lava Jato; 2 ex-executivos foram presos.
Repasses envolviam contratos falsos e doações eleitorais.

A Queiroz Galvão pagou propina a políticos e funcionários da Petrobras para fechar contratos com a estatal e também para obstruir investigações da CPI no Senado, em 2009, segundo a força-tarefa da Lava Jato. O repasse de propina envolvia contratos falsos e doações eleitorais – tanto caixa 2 como repasses aparentemente legais.

A empreiteira é alvo da 33ª fase da operação que foi deflagrada nesta madrugada. Dois executivos da empresa foram presos preventivamente: Ildefonso Colares Filho e Othon Zanoide de Moraes Filho. Não há prazo para que sejam liberados. Os dois já tinham sido detidos na 7ª fase da Lava Jato e tinham sido soltos por determinação da Justiça.

“Há indícios, que incluem a palavra de colaboradores e um vídeo, de que 10 milhões de reais em propina foram pagos pela Queiroz Galvão com o objetivo de evitar que as apurações da CPI tivessem sucesso em descobrir os crimes que já haviam sido praticados até então”, segundo o MPF.

Em junho deste ano, a TV Globo divulgou o vídeo de uma reunião que ocorreu em 21 de outubro de 2009, no Rio de Janeiro. Nela, foi negociado o apoio do então presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), para esvaziar as investigações da CPI criada naquele ano no Senado para investigar suspeitas de superfaturamento nas obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. ASSISTA AO VÍDEO.

Resta Um
Esta fase da Lava Jato foi batizada de Resta Um porque, segundo a PF, a Queiroz Galvão era a última empreiteira que faltava na investigação sobre formação de cartel na Petrobras. “De forma alguma isso quer dizer que as investigações não vão seguir”, afirmou delegado Igor Romário de Paula.

Segundo o Ministério Público, a Queiroz Galvão é suspeita de:

– formação de cartel para fraudar contratos na Petrobras;
– pagamentos de propina por meio do caixa 1 (doações eleitorais aparentemente legais);
– pagamento de propina por meio do caixa 2: R$ 2,4 milhões teriam ido para a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006;
– corrupção de funcionários da Petrobras e políticos;
– interferência na CPI da Petrobras no Senado, em 2009;
– manutenção de funcionários no exterior, longe da ação da Justiça brasileira.

Campanha de Lula
O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou, nesta terça-feira (2), que a empreiteira Queiroz Galvão é investigada por pagar Agosto2caixa 2 para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. Segundo delação de Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC Engenharia, uma empresa que participou de consórcio com a Queiroz Galvão, o repasse para a campanha chegou a R$ 2,4 milhões.

A delegada da Polícia Federal Renata da Silva Rodrigues afirmou que a investigação sobre doações eleitorais da campanha de 2006 ainda estão em andamento. Segundo ela, doações da Queiroz Galvão foram intermediadas pelo doleiro Alberto Youssef, considerado operador do esquema na Petrobras. A PF identificou três ou quatro parlamentares envolvidos, mas eles não são o alvo desta fase da operação. “Nosso objeto são os indivíduos que não têm foro [privilegiado]”, disse.

Fonte: G1

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