Uma pesquisa feita pela I Dados Consultoria mostra que o trabalhador que entra no primeiro emprego fica, em média, quatro meses na empresa contratante, o que é praticamente o tempo do contrato de experiência de 90 dias. Após esse período, quase metade dos profissionais é desligada pelas empresas.
Os dados coletados se referem aos anos de 2011, 2013, 2015 e 2017, a partir da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), um relatório de informações socioeconômicas solicitado pelo antigo Ministério do Trabalho e Emprego — atual Ministério da Economia.
O desligamento por fim de contrato teve o maior índice de crescimento, subindo de 35%, em 2011, para 48,3%, em 2017. A demissão sem justa causa caiu de 27,2%, em 2011, para 23,4%, em 2017.
Débora Nascimento, diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro (ABRH-RJ), comentou que é preciso avaliar os números sobre os dois lados envolvidos: do empregador e do empregado.
— Da parte da empresa, podem haver detalhes que, na hora do recrutamento e seleção, ela não conseguiu mapear corretamente no perfil do candidato. Então, o empregador se aproveita do período de experiência para fazer essa análise e avalia que a pessoa não é a candidata adequada.
A diretora também diz que o cenário instável de crise pode afetar nas demissões.
— As estratégias das empresas estão mudando rapidamente. Muitas vezes, é preciso fazer o desligamento porque a função ou a área não vai mais existir, e o desligamento da pessoa que está no período de experiência acaba custando menos do que de um funcionário mais antigo.
A pesquisa também mostra que o desligamento por pedido de demissão por parte do empregado diminuiu de 32,6%, em 2011, para 22,2%, em 2017. Débora diz que a crise também afeta o lado do empregado, que muitas vezes não pede demissão para não ficar sem emprego.
— As pessoas não querem ir para o mercado instável e acabam se submentendo a tarefas e funções não muito satisfatórias. O período de experiência também é o momento para o profissional avaliar a empresa em que está entrando, porque é no dia a dia que vai se conhecer a dinâmica do trabalho. Muitas vezes, as pessoas acabam pedindo para sair porque analisam que a oportunidade de trabalho não era aquela que foi imaginada na hora da contratação.
FONTE: EXTRA
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