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Quase 5 milhões de pessoas desistiram de procurar emprego, diz IBGE

O desalento maior explica a taxa de desemprego melhor que a esperada, diz FGV

O país tinha 4,698 milhões de pessoas em desalento no trimestre móvel encerrado em janeiro, 83 mil pessoas a mais na comparação ao trimestre móvel anterior, alta de 1,8%, mostram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE.

Desalentada é a pessoa que está fora da força de trabalho — ou seja, não está empregada e nem tomou providências efetivas para conseguir emprego, como cadastrar-se em sites de emprego, olhar anúncios em jornais — embora aceitassem uma vaga se alguém oferecesse.

Quando comparado ao mesmo período do ano passado, o desalento está 0,5% maior, o correspondente a 25 mil pessoas a mais.

Apesar de ter crescido no trimestre móvel até janeiro, o desalento não explica o aumento da população fora da força de trabalho no período, uma dos motivos para a queda da taxa de desemprego neste início de ano. Desalentado desiste de procurar por achar que não vai conseguir uma vaga. A população que foi para fora da força não quis procurar.

A pesquisa mostrou também que o número de trabalhadores subutilizados — conceito que engloba desempregados, empregados que gostariam e poderiam trabalhar mais horas e os desalentados — recuou 2,7% no trimestre até janeiro, frente aos três meses anteriores, para 26,390 milhões.

Segundo o IBGE, a taxa de subutilização era de 23,2% no trimestre móvel até janeiro, abaixo da taxa de 23,8% do trimestre móvel encerrado em outubro do ano passado.

Desalento explica desemprego melhor

A taxa de desemprego melhor do que o esperado em janeiro — em 11,2%, ante expectativa mediana dos analistas de 11,3% — esconde dados menos animadores do que sugere o número principal, avalia o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).

Para Daniel Duque, pesquisador do Ibre-FGV, a queda de 0,8 ponto percentual na taxa de desemprego em janeiro, em relação a igual mês de 2019 (12%) foi surpreendente. Mas ela veio acompanhada de uma notícia ruim, que é o aumento do desalento, após quatro trimestres de quedas.

A população desalentada somou 4,7 milhões no trimestre encerrado em janeiro, aumento de 0,5% na comparação anual, após quedas nessa mesma base nos trimestres encerrados de outubro a dezembro. Os desalentados são pessoas que desistiram de procurar emprego e por isso não são considerados sequer desempregadas.

A desistência desses trabalhadores ajuda a explicar porque a taxa de participação na força de trabalho — soma de pessoas empregadas e desempregadas, em relação à população total em idade de trabalhar — tem perdido força. Após atingir máxima de 62,1% entre maio e outubro do ano passado, o indicador está em queda desde então, chegando a 61,7% no trimestre encerrado em janeiro.

Enquanto isso, a população ocupada cresceu 2% na comparação anual, para 94,2 milhões de pessoas em janeiro, apenas repetindo o ritmo de dezembro. “O nível de crescimento da população ocupada não aumentou, então o que está explicando a melhora da taxa de desemprego são as pessoas que voltaram a desistir de procurar emprego”, diz Duque.

Outro fator negativo nos dados de mercado de trabalho de janeiro é a estabilidade da renda, avalia o economista. Em janeiro, o rendimento médio dos trabalhadores foi de R$ 2.361, mesmo nível de janeiro de 2019. Isso apesar do crescimento de 2% da população ocupada na comparação anual e do avanço de 2,6% no número de empregados com carteira.

“Por mais que tenha havido crescimento dos empregos com carteira, também houve crescimento de outras ocupações sem carteira ainda mais forte”, observa Duque. O trabalho sem carteira cresceu 3,7% em janeiro, na comparação anual, e o conta própria, 3,1%.

“Ainda que haja aumento da ocupação com carteira, a composição dos empregos continua puxando a renda para baixo.”

Segundo o analista, o atual nível de crescimento da população ocupada, que está acima do avanço do Produto Interno Bruto (PIB), resulta na geração de empregos pouco produtivos, de baixa remuneração.

Se o dado de janeiro já não é tão animador, Duque avalia que o mercado de trabalho pode perder ritmo à frente, caso a desaceleração da atividade por conta do coronavírus se confirme.

“O mercado de trabalho é a última variável da economia que muda em relação ao ciclo”, lembra Duque. Segundo ele, o avanço da ocupação atual ainda é fruto da melhora da atividade ocorrida em meados do ano passado, até pela característica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de ser um trimestre móvel.

“Se for confirmada a desaceleração da atividade, a partir do segundo trimestre pode haver uma desaceleração também do mercado de trabalho”, afirma. A FGV mantém por ora projeção de uma taxa de desemprego média de 11,3% para 2020 e de 10,3% para dezembro deste ano e vai aguardar os números do PIB do quarto trimestre e da atividade neste início de ano para fazer qualquer alteração.

FONTE: VALOR INVESTE

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