Agronegócio

Proliferação de javaporcos pode levar a prejuízo bilionário no país

Pelo menos cinco estados e 600 municípios brasileiros registram o aumento no número de javaporcos. Os animais selvagens causam estragos às plantações, assustam famílias da zona rural e são vetores para doenças e parasitas, que podem trazer prejuízos bilionários para o Brasil nos próximos anos.

Produtores rurais de Minas Gerais e outros quatro estados brasileiros convivem com um problema que está longe de terminar, os javaporcos. Esses animais são uma combinação de javalis com espécies de porcos, que resultam em um animal maior, mais pesado e que se reproduz muito rápido. Eles não possuem um predador natural, já que não pertencem ao ecossistema brasileiro e foram trazidos da África e da Europa.

Um dos alimentos preferidos dos javaporcos é o milho, o que torna as plantações do grão o alvo perfeito. Rafael Donadelli, produtor rural de Sacramento, na região do Alto Paranaíba, em Minas, conta que já perdeu em um ano mais de 10% do lucro de suas lavouras por causa dos ataques de javaporcos. Ele diz que já pensou em mudar o foco de suas plantações por conta dos prejuízos.

“Se você não tiver controle você perde uma área total. Agora, quando você corre atrás, solta cachorro, faz algum tipo de manejo pra espantar os animais, você sempre acaba perdendo uns 10%. E nós percebemos que um tipo de material, eles atacam mais, então você deixa de plantar aquela variedade. O pessoal aqui na região deixou até de plantar milho, a maioria aqui não planta milho justamente por isso.”

Ainda não há uma solução eficiente para controlar o rebanho de javaporcos. Muitos agricultores tentam usar cercas elétricas e cães para afastar os predadores, mas ainda não são suficientes. Nem mesmo a caça destes animais, que é permitida no Brasil desde 2013, consegue amenizar os problemas dos produtores.

Além de destruírem plantações, os javalis também podem trazer prejuízos à saúde pública e animal. Ana Paula de Mello, coordenadora da Assessoria de Meio Ambiente da FAEMG, explica que se os animais forem infectados por doenças, vão causar sérios problemas para suínos, bovinos e também para a população.

“Essas doenças podem ser transmitidas a outros rebanhos, a peste suína, a febre aftosa, etc. Questão de saúde: ele pode contaminar a água com uma série de doenças transmitidas por fezes. Na questão de segurança: a pessoa não pode ter tranquilidade de deixar uma criança brincar. Esses animais chegam a mais de 300 a 400 quilos, são animais grandes, perigosos e têm presas afiadíssimas.”

Caso o rebanho de javaporcos não seja controlado, no pior dos cenários, os prejuízos para o Brasil podem passar de R$ 50 bilhões nos próximos três anos. A expectativa é por um levantamento da Confederação Nacional de Agricultura, que considerou os problemas que a superpopulação desse animal poderiam causar.

De acordo com Lia Coswig, auditora fiscal do Ministério da Agricultura, o grande problema da estratégia usada atualmente para combater a proliferação dos javaporcos é que o plano deixa com a população a responsabilidade de fazer o controle.

“Eu acho que o grande problema é que o controle ele está hoje regimentalmente, ou pela legislação, na mão de da sociedade civil. Então os governos não assumiram esse papel de organizar esse controle de uma forma mais efetiva e isso foi se proliferando. Esse javali vai aumentando a população dele numa velocidade muito maior do que se tem interesse em caçar.”

Desde 2013 a caça de javaporcos é permitida no Brasil, após o animal ser considerado como uma espécie nociva e exótica. Para realizar a perseguição, é preciso treinamento e autorização do Ibama. Segundo dados do instituto, já existem no Brasil mais de 15 mil autorizações deferidas. Este ano, já são mais de 10 mil javalis abatidos, sendo Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais os três estados que mais registraram a caça destes animais.

Em nota, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) informou que treina caçadores profissionais de javalis em todo o estado. O objetivo é que estes caçadores façam a coleta de sangue para que o IMA possa realizar o monitoramento de Peste Suína Clássica. O Plano Nacional De Prevenção Controle e Monitoramento Do Javali estima que o controle seja realizado até 2023.

 

FONTE: CBN

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