Foi no dia a dia de trabalho na pesquisa da APTA Regional de Colina que o pesquisador Iorrano Cidrini, aluno do curso de doutorado em Zootecnia oferecido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp – Campus Jaboticabal) observou o estresse pelo qual os bovinos passavam logo que chegavam aos confinamentos, passando pelo transporte.
“Moro no alojamento de estudantes da APTA e convivo com muitos outros alunos que também desenvolvem pesquisas nessa área da pecuária de corte. Alguns de nossos colegas já haviam conduzido estudos avaliando os impactos do estresse sobre o desempenho dos animais, assim como estratégias nutricionais para mitigação desses impactos”, conta.
Ele desenvolveu um projeto de pesquisa na área de bem-estar de bovinos em confinamento. Quando chegam aos confinamentos, os animais também precisam ser vacinados, vermifugados e recebem brincos para melhor controle. Todos esses procedimentos são necessários para a saúde dos animais, mas quando realizado após o desembarque acabam gerando mais estresse para os bovinos e para a equipe de trabalho, de acordo com o pesquisador.
Cidrini propõe a avaliação dos animais em três manejos diferentes. O primeiro deles é verificar como se comportam por 21 dias em entrepostos, uma espécie de pré-confinamento. Nesses locais, os animais passam a receber suplementação, se adaptando ao confinamento e ao seu novo grupo social, além de receberem vacinas e medicamentos. Ao término desse período os animais seriam pesados e destinados diretamente as suas respectivas baias, não sendo necessário passar por nenhum processamento na chegada ao confinamento.
Como nem todas as fazendas conseguem implementar essa logística, o doutorando propõe uma estratégia para mitigar o estresse dos animais recém-chegados e que ainda devem passar pelo processamento. Nessa estratégia, o gado passa de três a cinco dias recebendo água e feno para se recuperar o peso corporal perdido durante a viagem antes de passarem pelo protocolo sanitário serem destinados as suas respectivas baias. Para comparar os resultados, o doutorando também planeja avaliar animais em sistemas convencionais, processados imediatamente após a chegada no confinamento.
“A ideia é avaliar 294 animais Nelore com peso corporal (PC) inicial entre 380 e 420 kg, machos inteiros, com idade de 16 a 20 meses. O experimento teria duração total de 121 dias”, explica o pesquisador.
A iniciativa é uma das dez selecionados na primeira etapa do Desafio da Pecuária Responsável, uma iniciativa da Phibro Saúde Animal, BE.Animal, Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas (ABIEC), Athenagro e Notícias do Front, com apoio de mais de 90 empresas. O projeto foi selecionado entre os 73 trabalhos inscritos e agora receberá mentoria de profissionais da área de bem-estar animal. Após essa etapa, serão escolhidos três projetos finalistas que concorrerão ao prêmio de R$ 15 mil no final do segundo trimestre de 2022.
“Hoje, 15% dos bovinos no Brasil são terminados em sistema de confinamento. Para chegarem a esses locais, muitas vezes os animais ficam longos períodos em deslocamento, o que acaba trazendo estresse e acarretando uma série de problemas como depressão do sistema imune e redução do desempenho”, explica o doutorando.
FONTE: AGROLINK
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