Agronegócio

Produtores de soja atrasam comercialização de nova safra por preços baixos

Colheita de soja em plantação de Campo Verde, Mato Grosso 10/01/2017 REUTERS/Gustavo Bonato/File Photo

Produtores de soja de Mato Grosso venderam até agora um menor volume da nova safra na comparação com o ano passado, quando a comercialização já estava aquém das médias de longo prazo, pois estão no aguardo de preços mais atrativos à frente.

Apesar da perspectiva de outra grande safra de soja, uma queda nos preços domésticos, seguindo o recuo dos futuros na Bolsa de Chicago e a apreciação da moeda brasileira, reduziu a vontade dos produtores de fechar vendas futuras, disseram eles aos integrantes da expedição agropecuária Rally da Safra.

A cooperativa agrícola Coacen, com sede em Sorriso, maior município produtor de soja do Brasil, vendeu cerca de 40 por cento da produção estimada deste ano, 10 por cento abaixo da temporada passada e 15 por cento menor ante dois ciclos atrás, disse o presidente-executivo, Evandro Lermen, nesta quarta-feira.

“Os produtores esperavam capturar mais valor da soja em janeiro, mas ficaram frustrados”, disse ele, referindo-se a 43 famílias de produtores associados, que agora estão começando a colheita.

No geral, os agricultores de Mato Grosso venderam 42 por cento da safra estimada para o Estado, de 30,6 milhões de toneladas. Isso é quase 13 pontos percentuais abaixo da média das últimas cinco safras, de acordo com o instituto de pesquisas agrícolas Imea.

A situação sinaliza outra temporada difícil para os operadores globais de grãos, que no último ciclo operaram com margens apertadas em meio ao acúmulo de soja no maior exportador do mundo.

“Mesmo que os preços de Chicago não se recuperem nos próximos meses, a demanda irá existir e as empresas comerciais terão de pagar melhores prêmios para a fonte da soja”, disse o agrônomo Fábio Meneghin, sócio da Agroconsult, consultoria que organiza o Rally da Safra.

Ele avalia que os comerciantes correm o risco de ter outro ano de margens negativas no Brasil.

As lavouras estão em condições semelhantes ou melhores do que as do ano passado, de acordo com Meneghin. A Agroconsult poderá revisar as previsões de produtividade e produção em fevereiro, após a conclusão de uma pesquisa sobre a soja plantada anteriormente.

A última estimativa da Agroconsult para a produção brasileira de soja é de 114,1 milhões de toneladas, com rendimentos médios de 54 sacas por hectare, o segundo melhor da história.

O produtor Wanderson Mazzardo, que colheu cerca de 5 por cento de sua soja até agora, disse que vendeu cerca de 10 por cento da safra, em comparação com cerca de 60 por cento em igual momento do ano passado.

Já o produtor Diogo Chiarelotto comentou que parece não haver “nenhuma janela de vendas ideal” nesta temporada. Até agora, ele negociou cerca de 15 por cento menos de soja frente igual período do ano passado.

FONTE: REUTERS

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