Processo de monitoramento da cadeia produtiva do agronegócio traz mais segurança alimentar
Do plantio às prateleiras do supermercado, os produtos agrícolas passam por diversas etapas, entre elas a colheita, a distribuição e a venda no varejo. Mais do que nunca, os consumidores querem saber exatamente por onde passou o alimento que ele pretende colocar no prato.
É por isso que os produtores estão aderindo cada vez mais às plataformas de rastreabilidade – tecnologia que permite acompanhar a trajetória do alimento até seu destino final
“Mais do que trazer transparência ao consumidor, o produtor que adota esse tipo de tecnologia consegue ter um controle maior sobre sua própria plantação”, diz Emerson Oliveira, gerente de marketing da empresa MNS, uma distribuidora de hortifrutigranjeiros de Pilar do Sul. A empresa, que compra produtos dos agricultores e depois os revende para o varejo, consegue contemplar quatro elos da cadeia produtiva: distribuição, comercialização, transporte e embalagem. “Além de garantir que todos os elos da cadeia funcionem, essa tecnologia me dá segurança de que se, houver alguma falha lá no campo, eu consigo rastrear todo o processo e identificar exatamente onde o problema ocorreu” comenta.
A tecnologia adotada pela MNS foi criada pela startup de tecnologia Paripassu, de Florianópolis. Voltada para os alimentos perecíveis in natura, a Paripassu rastreia e monitora o produto nos seus três estágios: plantio, transporte e vendas. Os dados colhidos no campo ficam disponíveis para o consumidor final, através de seu aplicativo Conecta. “Toda vez que um produto é colhido, ele ganha um código alfanumérico, uma espécie de RG. Esse código será abastecido com todas informações do produto” explica Giampaolo Buso, presidente da empresa.
Para acessar, essas informações o consumidor precisa baixar o aplicativo em smartphones e tablets. Basta apontar a câmera do aparelho para o QR Code presente na embalagem dos produtos que são monitorados pela empresa, e logo aparecerá na tela a trajetória que o produto percorreu até chegar à prateleira. As informações são gratuitas para o consumidor final.
No modelo de negócios da Paripassu, quem paga pelo serviço são os produtores, distribuidores e varejistas. Os clientes da empresa pagam uma assinatura mensal de licença de uso. Os pacotes variam conforme sua complexidade e mais ferramentas. O Caderno do Campo, por exemplo, é um aplicativo base onde o produtor registra suas atividades e recebe indicadores como previsão de colheita. Ele custa 180 reais e é extremamente útil para produtores que procuram uma melhor gestão de suas fazendas. “Para uma referência de valor, custa menos de um centavo por quilo de produto. Por exemplo, uma bandeja de 300 gramas, custaria menos de 3 centavos”, diz Buso.
A empresa já conta com cerca de 350 clientes, sendo 50 mercados e os outros 300 misturados entre produtores e distribuidores – às vezes, ambos. Empresas como o grupo Fisher, produtor de maçãs de Santa Catarina, e a Fazenda da Toca, de produtos orgânicas do empresário Pedro Paulo Diniz, são clientes da empresa.
Todos os dias, mais de 1 300 toneladas de alimentos são rastreadas. Quase 9 milhões de toneladas de alimentos já foram analisados desde a criação da empresa, fundada em 2005.
Além disso, essa tecnologia permite que os supermercados possam ter também um controle maior do que estão. Hoje, no Brasil, 80% dos produtos de hortifruti são comercializados pelo varejo. “Há muito desconhecimento ainda. A maior dificuldade é mostrar para os supermercados que a rastreabilidade traz resultados para ambos os lados: vendedor e consumidor” diz Buso.
FONTE: EXAME.COM
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