Devolução de refugiados faz parte de acordo entre a União Europeia e Ancara
DIKILI, Turquia — Imigrantes enviados de volta da Grécia começaram a desembarcar na Turquia sob um contestado acordo da União Europeia (UE) com o intuito de fechar a principal rota de chegada ao continente europeu, pela qual milhões de pessoas atravessaram o mar Egeu para a Grécia no ano passado.
Três barcos partiram nesta segunda-feira com destino à Turquia com quase 200 migrantes que estavam nas ilhas gregas de Lesbos e Chios. Um primeiro barco procedente de Lesbos chegou ao porto de Dikili às 3h20m (horário de Brasília) e outros dois devem chegar nas próximas horas, um ao mesmo porto e o outro a Cesme.
Poucas horas após o primeiro barco partir de Lesbos, navios de patrulha da guarda costeira grega resgataram pelo menos dois botes que tentavem chegar à ilha com mais de 50 migrantes e refugiados, incluindo crianças e uma mulher em uma cadeira de rodas.
— Estamos indo para tentar a nossa chance. É para o nosso futuro. Estamos mortos de qualquer maneira — disse Firaz, de 31 anos, um curdo sírio da província de Hasakah, que estava viajando com seu primo.
Trata-se da primeira onda de retorno de imigrantes da Grécia para a Turquia, aceito pelo país como parte do plano assinado com a UE em 18 de março.
Criticado por agências de refugiados e manifestantes de direitos humanos, o acordo prevê que Ancara receba todos os imigrantes e refugiados que entrarem ilegalmente na Grécia, incluindo sírios. Em troca, a UE vai receber milhares de refugiados sírios diretamente da Turquia.
Além disso, como parte do acordo, o bloco europeu tem que dar mais dinheiro diretamente à Turquia, oferecer isenção de vistos iniciais e fazer avançar as negociações para a entrada do país na UE.
Trinta e dois imigrantes sírios foram os primeiros a chegar em Hannover, no Norte da Alemanha. Uma fonte do governo alemão afirmou no domingo que dezenas de migrantes chegariam a França, Finlândia e Portugal.
No entanto, os sírios não estavam a bordo dos três primeiros barcos que transportaram deportados à Turquia, segundo as autoridades gregas.
APOIO AOS MIGRANTES EXPULSOS
Em Lesbos, a balsa Lesvos e o catamarã Nezli Jale receberam 131 pessoas, em sua maioria do Paquistão e Bangladesh, no porto de Mytilene, informou Ewa Moncure, porta-voz da Frontex, a agência de vigilância de fronteiras externas da UE, que comanda a operação.
A polícia grega anunciou números um pouco distintos: 136 pessoas partiram de Lesbos, 125 paquistaneses, quatro cingaleses, três bengaleses, dois indianos e dois sírios.
Vários manifestantes expressaram apoio aos expulsos, com direito a uma faixa com frase “Turkey is not safe” (“Turquia não é segura”) no terraço de um hotel diante do porto. Mas a operação aconteceu de maneira calma e ordenada, de acordo com Moncure. Os imigrantes, todos homens, estavam no campo de Moria, a dez quilômetros do porto.
Em Chios, outra ilha próxima da Turquia, a balsa Erturk Line-Cesme saiu do porto com 66 migrantes a bordo, segundo a polícia: 43 afegãos, dez iraquianos, seis paquistaneses, cinco cidadãos congoleses, um somali, um marfinense e um indiano.
O retorno dos migrantes é uma parte chave do acordo entre a União Europeia e a Turquia para acabar com o fluxo incontrolável para a Europa de refugiados e migrantes que estão fugindo da guerra e da pobreza no Oriente Médio e na África. Pelo acordo, aqueles que cruzarem ilegalmente o mar da Turquia para a Grécia serão obrigados a voltar à costa turca após seus pedidos de asilo serem processados.
Fonte: oglobo
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