Número significa 12% da média mensal de 2018. Aparelhos tinham sido banidos agosto e dezembro
Número representa apenas 12% da média mensal de 2018. A corporação diz que os aparelhos são utilizados apenas em 500 trechos críticos mapeados, o que corresponde a 5 mil quilômetros de um total de 70 mil quilômetros de rodovias nacionais. Os equipamentos tinham sido banidos pelo governo entre agosto e dezembro de 2019.
No primeiro mês após a Justiça ter determinado que a Polícia Rodoviária Federal voltasse a usar os radares portáteis, foram aplicadas 23.733 multas por excesso de velocidade nas rodovias federais utilizando os aparelhos. O número, no entanto, corresponde a apenas 12% da média mensal de autuações em 2018, antes do governo Bolsonaro. Isso porque o número de trechos fiscalizados caiu de 70 mil para 5 mil quilômetros.
Os dados foram obtidos pela reportagem da CBN via Lei de Acesso à Informação e abrangem o período de 23 de dezembro de 2019 a 23 e janeiro de 2020.
O número de notificações por excesso de velocidade, em 2018, chegou a 2,33 milhões, uma média de 194 mil por mês. Ao assumir o governo em 2019, Jair Bolsonaro iniciou uma ofensiva contra a fiscalização eletrônica nas BRs. O recolhimento dos radares portáteis aconteceu em agosto, após ordem do presidente. Para ele, os aparelhos não têm caráter educativo e servem meramente para arrecadação.
A medida durou quatro meses. Os radares voltaram às rodovias em 23 de dezembro, por ordem da Justiça. Mas a mudança da política de fiscalização no primeiro ano de governo coincide com aumento significativo de mortes nas estradas federais. 2019 teve a primeira alta em sete anos. Foram mais de 5 mil mortos, cerca de 444 mortes por mês no ano passado, segundo dados da PRF.
O coordenador da ONG SOS Estradas, movimento que reúne especialistas de trânsito, Rodolfo Rissotto, acredita que a fiscalização está em ritmo lento e acredita que o número de mortes em 2020 também suba
“O que vai acontecer ao final do ano de 2020, se mantida essa média, nós vamos ter novamente o aumento de mortos e feridos. Em 2019, nós tivemos durante mais de quatro meses os radares portáteis – os únicos que a PRF efetivamente utiliza para aplicar as multas – desligados, quando circularam pelas rodovias federais mais de um bilhão de veículos. Ou seja, mais de um bilhão de veículos circularam e ninguém foi multado por excesso de velocidade pelos policiais rodoviários.”
A Polícia Rodoviária Federal não divulgou a quantidade de autuações por excesso de velocidade em 2019 e nega que a alta de mortes e feridos nas rodovias tenha relação com a suspensão do uso de radares portáteis. O porta-voz da PRF, Anderson Poddis, explica que o número de autuações é menor por que os radares portáteis estão sendo utilizados apenas em trechos críticos:
“Qualificação da atuação do radar nesse período. A partir do momento que a PRF voltou a utilizar o radar no final do ano, a PRF atua com fiscalização de radar em um trecho de 5 mil km em rodovias federais de todo país. Em 2018, era usado em todo país, mas estudos técnicos apontaram 500 trechos de 10 km de extensão cada com maior criticidade de acidentes de trânsito. E esses trechos foram classificados, independentemente da sua causa, e são passíveis de serem fiscalizados com uso de radares.”
Ainda segundo os dados da PRF, entre dezembro e janeiro, quando os radares portáteis voltaram a ser utilizados, a maior velocidade flagrada no período, foi de 165 km/h, na BR-116, no município de São Paulo.
FONTE: CBN
Add Comment