A Polícia Federal afirma que não existem provas em trecho do acordo de delação em que o ex-ministro Antônio Palocci acusa o banqueiro André Esteves, do banco BTG Pactual, de supostamente administrar um caixa de propinas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao concluir o relatório final do inquérito no último dia 11, o delegado federal Marcelo Daher diz que os fatos delatados pelo ex-ministro foram desmentidos por todas as testemunhas e por outros colaboradores da Justiça. Daher acrescentou que os delatores que desmentiram o ex-ministro “aparentemente não teriam prejuízo algum em confirmarem a narrativa de Palocci caso entendessem ser verdadeira”.
Um deles foi Marcelo Odebrecht. Ele, afirmou que “houve uma certa confusão” de Palocci sobre as propinas pagas pela Odebrecht ao PT.
A delação de Palocci foi fechada em 2018 pela própria Polícia Federal e tem 34 anexos. Nesse anexo que levou a uma investigação aberta em São Paulo, o ex-ministro relatou que o banqueiro André Esteves movimentou no BTG, em nome de terceiros, valores recebidos por Lula em crimes de corrupção e caixa 2. Em contrapartida, teria recebido informações privilegiadas do governo sobre a mudança da taxa Selic, que permitiu que ele tivesse lucro e que usasse parte desses recursos para fazer doações para a campanha do PT em 2014.
Ao ser ouvido, Marcelo Odebrecht disse que nunca ouviu dizer que André Esteves teria um conta corrente para controle de propinas do PT ou de Lula e que nada sabia sobre eventual uso de informação privilegiada no mercado de contratos futuros de juros. Para o delegado, os fatos narrados Palocci parecem ter sido tirados de “pesquisas na internet” e “notícias dos jornais”, sem que sejam apresentadas provas que sustentem a continuidade da investigação.
“No presente caso, as notícias jornalísticas, embora suficientes para iniciar o inquérito policial, parecem que não foram corroboradas pelas provas produzidas, no sentido de dar continuidade a persecução penal”, escreveu o delegado.
A PF encaminhou o relatório ao Ministério Público Federal, a quem cabe agora dar continuidade ao procedimento. Nesse caso, o MPF pode pode arquivar o caso, pedir novas diligência ou até mesmo oferecer denúncia à Justiça.
A defesa de Palocci afirmou que, na investigação, existe uma prova pericial que comprova a veracidade da colaboração de Palocci. Disse ainda que existem outros fatos indicados por Palocci que confirmam a versão do ex-ministro e que ainda não foram investigados pela PF.
A defesa do ex-presidente Lula disse que a conclusão da PF de que Palocci mentiu na delação para tentar incriminar Lula é mais uma prova de que a Lava Jato atuou com clara motivação política e usou versões mentirosas de delatores para essa finalidade. Esse não é o primeiro revés que envolve a delação de Palocci. No início de agosto, a 2ª turma do Supremo Tribunal Federal (STF) atendeu a um pedido da defesa de Lula e retirou a delação do ex-ministro Palocci de uma ação contra o petista na Lava Jato.
FONTE: EXTRA
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