Embarques em abril somaram 58,1 mil toneladas, sendo 27% para a China e 24% para Hong
A peste suína africana, que já dizimou 1 milhão de porcos na China, já está causando efeitos diretos na pauta de exportações brasileira de carnes. Em abril, houve um aumento de 44,3% no volume de vendas de suínos em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). Foram embarcadas 58,1 mil toneladas. A maior parte (27,7%) seguiu para a China e Hong Kong (24,1%). “O estoque de suínos da China está no final, já que os abates continuam”, diz Francisco Turra, presidente da ABPA. “A tendência é de aumento contínuo das exportações brasileiras de suínos para os chineses”, afirma.
Os preços também devem subir. Em abril, já foi registrado um aumento nas receitas de 27,6%, totalizando US$ 119,7 milhões, diante de US$ 93,8 milhões em abril de 2018. No acumulado do ano, de janeiro a abril, o faturamento chegou a US$ 418,1 milhões, um resultado 2,2% superior ao obtido no mesmo período de 2018. “O Brasil tem uma carne de boa qualidade e valores competitivos, o que coloca o país no radar dos chineses”, diz Douglas Coelho, sócio da Radar Investimentos.
O governo brasileiro pretende facilitar a habilitação de 50 plantas de suínos e aves durante a visita da ministra Tereza Cristina à China neste mês, mais do dobro das unidades atualmente prontas a exportar. A expectativa é que as vendas de frango também tenham um aumento.
A China, maior produtora mundial de suínos, deve perder de 25% a 35% de seu plantel até o final do ano, segundo o Rabobank. Com isso, haveria uma queda na produção de 13 milhões de toneladas de carne suína no país. “Os chineses provavelmente terão que substituir uma parte do consumo de carne de porco por outras proteínas”, diz Turra. Os suínos levam oito meses para se desenvolver e chegar ao ponto do abate. “Nem todos os países exportadores juntos conseguiram suprir a demanda chinesa de porco”, afirma.
O aumento da procura já tem se revertido em alta de ações de grandes frigoríficos, como a americana Tyson Food, com uma valorização de 40% desde o início do ano, e a Pilgrim´s Pride, subsidiária nos Estados Unidos da JBS, voltada à produção de carne de frango (aumento de 70%).
Bovinos
Os produtores de carne de boi também tem motivos para comemorar. As exportações tiveram um aumento de 53,5% em abril, gerando uma receita de US$ 502,1 milhões – o valor é 43,3% superior ao de abril de 2018. A retomada das vendas para a Rússia responde por boa parte desse resultado, de acordo com a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne).
Só para a Rússia, o país exportou um volume 1.335,61% maior em relação ao mesmo período do ano passado. No final de 2017, o país impôs um embargo à compra de carne bovina brasileira, alegando a presença de ractopamina, um aditivo alimentar usado para aumentar o ganho de peso e diminuir a proporção de gordura nos animais. Depois disso, os pecuaristas brasileiros procuraram se adequara às medidas exigidas de controle da substância pelos russos.
Em abril, aumentaram também as vendas para os Emirados Árabes Unidos (349,76%) e Irã (47,58%). No acumulado do ano, houve alta de 3,1% de receitas obtidas com as vendas externas de bovinos, que atingiram US$ 2,01 bilhões, com embarques de 438.523 toneladas. A Abiec registrou ainda um crescimento de 13,6% no volume de exportações para a China entre janeiro e abril. As carnes in natura tiveram o melhor desempenho em abril. Segundo a Abiec, a categoria teve o melhor resultado mensal desde 1997, quando começou a série histórica, com uma alta de 56,7% em relação à abril do ano passado.
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FONTE: GLOBO RURAL
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