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Perícia aponta para ‘destruição de dados’ em sistemas da Odebrecht

Laudo foi entregue à Operação Lava Jato nesta sexta-feira, após a verificação de 11 discos rígidos e dois pendrives da construtora

A perícia da Polícia Federal encontrou “evidências de destruição de dados” ao analisar os sistemas de propinas da Odebrecht. O laudo foi entregue à Operação Lava Jato nesta sexta-feira (23), após verificar 11 discos rígidos e dois pendrives.

Segundo o relatório, houve destruição de dados “por volta de 22 de junho de 2015 às 14:13:39”. Em 19 de junho daquele ano, o empreiteiro Marcelo Odebrecht havia sido preso pela Lava Jato na Operação Erga Omnes.

O alvo da perícia foram o Drousys, sistema de informática para comunicação do setor de propinas da empreiteira, e o MyWebDay, software desenvolvido pela empreiteira para gerenciar contabilidade paralela. Os sistemas eram ligados ao Setor de Operações Estruturadas, o departamento da propinas da empreiteira.

A PF identificou que informações foram “deliberadamente” destruídas por meio de um comando de informática, “cuja principal funcionalidade é sobrescrever arquivos com dados aleatórios, de modo a destruir o conteúdo dos arquivos, com objetivo de impedir a leitura dos dados previamente existentes ou recuperação por meio de ferramentas forenses”.

No laudo, os peritos afirmam que existem “arquivos de histórico de conexões remotas, em data/hora próximo ao evento de destruição de dados, contendo registros de acesso oriundos” com endereço IP.

“Cabe informar que eventual solicitação judicial pelos registros históricos de alocação de endereços IP nas datas e horários indicados, junto à operadora de telecomunicações, poderá indicar o responsável pelas conexões registradas e, por consequência, responsável pela destruição dos arquivos”, indica a Polícia Federal.

Em delação premiada, o Marcelo Odebrecht havia confessado que ordenou, em 2014, após a deflagração da Lava Jato, a transferência de toda estrutura física do Setor de Operações Estruturadas para a República Dominicana.

Também em sua delação, o ex-chefe do departamento de propinas da Odebrecht Hilberto Mascarenhas relatou que jogou seu computador no mar de Miami após a deflagração da operação.

Ao juiz Moro, a PF afirmou que “foram identificados 842 arquivos, de um total de 1.912.667 arquivos, correspondendo a 0,043%, que apresentam não conformidades”. A perícia achou 607 divergências nos discos 1 e 4, um total de 230 nos discos 5 a 9 e outras cinco nos discos 10, 11 e no pendrive 01.

No trecho em que analisa o My Web Day, o relatório aponta que “a quantidade de informações contida nos relatórios disponibilizados permitiu aos peritos terem um entendimento a respeito do controle exercido sobre os pagamentos extra contábeis que a Odebrecht realizou a diversos beneficiados”.

“A sofisticação e nível de detalhamento que constam dos relatórios revelaram uma gestão profissional e minuciosa dos desembolsos efetuados pelo chamado Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht”, afirmam os peritos.

“Foram identificados relatórios em pelo menos três moedas: reais, dólares norte americanos e euros. Regra geral, cada pagamento possuía, no mínimo, as seguintes informações: local, executivo responsável pelo pagamento, conta bancária a ser sensibilizada (identificada com um apelido — não confundir com o codinome), data, codinome (do beneficiário), senha (para pagamentos em espécie), espécie de centro de custo (chamado de “obra”), que poderia ser uma obra de engenharia, um centro de custo geral, um evento, um departamento etc.”

FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO

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