Fortaleza no Calderón e também fora dele desde a chegada do argentino, Atlético põe o Bayern de Guardiola no currículo. Na temporada, são 33 partidas com a meta invicta
Lewandowski, Douglas Costa, Müller, Coman, Ribéry, Thiago Alcântara, Vidal… Os nomes reunidos num só time assustam qualquer defesa. Mas o Atlético de Madrid, com a permissão do clichê, não tem qualquer defesa. Tem uma fortaleza, que começa com um grande e jovem goleiro, passa por atacantes incansáveis no bloqueio e termina na mente e coração de quem a orquestra. Diego Simeone é o maestro, aquele que constrói uma porta atrás da outra, intransponível até mesmo para o Bayern, de todos supracitados, autor de 28 gols nesta Liga dos Campeões – agora em 11 jogos após o 1 a 0 pela ida da semifinal no Vicente Calderón, na última quarta-feira (assista aos melhores momentos acima).
Desde que o argentino chegou, em dezembro de 2011, os colchoneros criaram argumentos para acreditarmos que sua defesa é a melhor do mundo. Dos 256 jogos disputados, em 135 o Atlético não sofreu gol – 52,7% que chegam a incríveis 63,4% se computadas apenas partidas da atual temporada (52 jogos e 33 “clean sheets”, expressão em inglês dada ao goleiro não vazado). Na tradução literal, “folha em branco”.
Por quatro vezes desde agosto, sua equipe ficou cinco jogos seguidos sem ter as redes balançadas, inclusive a sequência atual, com Barcelona, Athletic Bilbao, no San Mamés, e o Bayern no meio do caminho. Na temporada, o Atlético pode se orgulhar de levar, em média, um gol a cada dois jogos (veja números abaixo).
Pela Champions, venceu 13 dos últimos 17 compromissos no Vicente Calderón – também manteve a meta “virgem” em 14 dos últimos 16 jogos em casa. Segundo a empresa de estatísticas “Opta”, fez de Barcelona (77%) e Bayern (74%) os derrotados com maior índice de posse de bola nesta edição.
Por essas e tantas incontáveis estatísticas, Simeone, pode, ainda, ser visto como o homem que aperfeiçoou o verbo defender – queira você ou não, também é uma arte do futebol. O Barça de Messi e Neymar, o Barça de Messi, Suárez e Neymar, o Real Madrid de Cristiano Ronaldo, o Bayern de Guardiola… Todos estão no currículo deste Atlético, que perdeu estrelas como manda o mercado predatório (Courtois, Miranda, Arda Turan, Falcao García, Diego Costa, entre outros), mas sempre se manteve competitivo graças à obediência tática, ao jogo de espaços sem a bola, ao defender para atacar, ao coração que pulsa com um desarme, ao “nunca deixe de acreditar”, ao “partido a partido”. Em resumo: ao “Cholismo” como filosofia de vida.
Há um goleiro que é muito bom, Oblak, e um time que defende muito bem. Não é fácil. Convertem poucas chances diante do Atlético de Madrid, e nós criamos o suficiente para converter uma – argumentou Pep após mais uma a derrota na Espanha numa semifinal de Champions, tal qual diante de Real Madrid e Barcelona.
O treinador catalão citou as 19 finalizações do Bayern (11 do Atlético), que, aliadas aos 69% da posse de bola, indicam talvez uma leve injustiça no placar. Oblak, em grande noite, fez oito defesas e ainda contou com a ajuda do travessão no chutaço de Alaba. Neuer, por outro lado, também foi salvo pelo poste na finalização de Fernando Torres a poucos minutos do fim. Seria o 2 a 0.
O curioso é que, para impedir a todo o momento os ataques do melhor ataque do torneio, o Atlético não precisou recorrer às faltas. Foram sete, o menor número dos jogos de ida das semifinais, contra 11 dos alemães. Na terça-feira, o Manchester City cometeu 20 infrações, oito a mais que o Real Madrid, no empate sem gols na Inglaterra. Na batalha tática, bastou Simeone fechar os espaços. Guardiola tem uma semana para encontrá-los.
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