Brasil Produtivo

Manejo correto da pastagem e bem-estar animal aumentam produção de carne e de grãos em solo com estrutura em boas condições

“Só de fazer o manejo correto do pasto, é possível aumentar de produção animal de 30% a 40%”, afirmou Ademir Zimmer, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, em palestra no estande da Embrapa durante Showtec 2017, realizado em Maracaju (MS) em janeiro

No estande da Embrapa, foram parceiros as Unidades da Embrapa: Agropecuária Oeste, Gado de Corte, Solos, além da Fundação Meridional e da organizadora do evento Fundação MS.

Pesquisas da Embrapa Gado de Corte mostraram que no quarto ano de experimento com o capim Xaraés, o animal ganhou 760 gramas de peso por dia em pasto de altura de 30 cm, em 370 dias, com taxa de lotação de 2,8 UA/ha, resultando em 1.170 kg/ha. O custo desse modelo é de R$ 1,80 por animal/dia (mais adicionais) e custo total de R$ 1.330,00 por hectare. O total da receita com o pasto a 30 cm, considerando o quilo do peso a R$ 4,95, foi de R$ 5.800,00, com a margem de lucro de R$ 4.470,00. Melhor resultado de altura de pasto.

Comparando com a altura do pasto em 15 cm, a margem de lucro foi de R$ 2.420,00. O ganho de peso foi menor: 450 gramas/dia, com taxa de lotação maior: 3,4 UA/ha, e um tempo maior para a engorda, quase o dobro: 620 dias, com ganho animal por área menor: 1.030 kg/ha. Com altura de 45 cm, com a taxa de lotação praticamente igual ao pasto de 30 cm de altura: 2,7 UA/ha. Mas o ganho animal por dia e por área foi menor: 600 gramas/dia e 930 kg/ha, respectivamente, e margem da receita menor: R$ 2.990,00

Para a produção de leite, Zimmer mostrou resultados em pastos de capim mombaça, que obteve melhores resultados quando a altura de entrada nos pastos foi de 90 cm ao invés de 140 cm. A média de leite foi de 14 litros por vaca a 90 cm, enquanto em 140 cm a produção foi de 10,8 litros.

Na ILP, a presença do gado no pasto é positiva quando se realiza juntamente com o sistema plantio direto (SPD). Um fator importante é a altura de pastejo para a massa de palhada. O efeito da altura da Brachiaria ruziziensis na massa de palhada teve melhor resultado em 35 cm, com produção de 6,8 toneladas de massa, com 96 cm de altura de plantas e produção de soja de 4.240 kg (70 sacas por hectare).

Em 15 cm, foi de 4,1 toneladas, 88 cm de altura e 3.930 kg (65 sc/ha). Com o pasto a 50 cm, a altura da planta foi de 87 cm e 3.900 Kg (65 sc/ha).”Colocar boi “na roça” é bom. A soja produz mais com o pastejo, por estimular o perfilhamento, a ciclagem de nutrientes e crescimento radicular”, afirmou o pesquisador.

O bom manejo das pastagens tem outras vantagens: reduz a emissão de gases de efeito estufa, protege o solo e aumenta a produtividade de grãos no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, entre outros fatores. É uma via de mão dupla: um solo bem manejado é um ambiente propício para pastagens de qualidade, e pastagens de qualidade contribuem para a construção de uma boa estrutura do solo. “Nosso equipamento de produção é o solo; o boi e os grãos são os produtos.”
Zimmer também falou sobre a importância da suplementação em sistemas de produção com idades de abate descrescentes (pasto, suplemento, confinamento). A suplementação na seca é feita com sal mineral nas águas e proteinado de baixo consumo na seca, sendo o abate aos 29 meses. Na suplementação na seca mais águas, o suplemento deve ser proteico-energético de baixo consumo nas águas e proteinado de baixo consumo na seca (abate aos 27 meses).

Com a terminação realizada em semi-confinamento, a recomendação é que o sumplemento seja proteico-energético de baixo consumo nas águas e proteinado de baixo consumo na seca e terminação em semi-confinamento, avançado (1,8% do peso vivo em concentrado) e abate em 21 meses. O abate aos 19 meses acontece quando se faz a suplementação proteica-energética de baixo consumo nas águas e proteinado de baixo consumo na seca e terminado em confinamento.

O resultado desses sistemas acima em integração lavoura-pecuária (ILP) possui desempenhos superiores e o abate é feito entre 14 e 20 meses.

Pré-lançamentos de forrageiras

Brachiaria híbrida BRS Ipyporã (Brachiaria ruziziensis com Brachiaria brizantha): na altura ideial, 30 centímetros, possui altovalor nutricional (de 11% a 12% de proteína) – ganha da marandu, mas perde em capacidade de suporte; possui digestibilidade de 60%; aguenta ataque de cigarrinha da pastagem e cigarrinha da cana (ela é a exceção, porque nenhuma brachiaria tem resistência).

Panicum maximum cv BRS Quênia (híbrido de panicum) – no Bioma Cerrado, o desempenho animal (grama por animal/dia) nos primeiro e segundo anos, no período das águas é melhor que a mombaça, mas é menor na seca. Mas, no terceiro ano, o desempenho é maior que a mombaça nos dois períodos, mostrando que é uma cultivar persistente; já a proteína bruta e a digestibilidade são maiores tanto no período de chuva quanto na seca.

Bem estar animal

“Bem-estar animal é fazer certo”, disse a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Fabiana Villa Alves, no início de sua palestra “Bem estar animal e conforto térmico em ILPF”, no Showtec 2017, na quinta-feira, 19 de janeiro. Ela enfatizou que valorizar a ambiência não é somente para suínos e aves – com estruturas construídas para manter o animal longe do estresse -, mas também para o gado de corte e de leite.

Para proporcionar o bem-estar, é necessário seguir cinco diretrizes: o animal deve estar livre de fome e sede; de desconforto; de dor, lesões e doenças; de medo e estresse; e estar livre para expressar comportamento. “Tudo que diz respeito a estresse causa diversas alterações”, afirmou. As principais são queda de dezempenho reprodutivo, redução da ingestão de alimentos; aumento do consumo de água; diminuição na produção de leite, redução da libido e da espermatogênese; redução da fertilidade; aumento da mortalidade embrionária; e diminuição de peso dos neonatos”, listou Fabiana.

Um exemplo em relação ao bem-estar animal é o número de animais para formação de lotes. O ideal é que cada lote tenha de 120 a 150 animais. Segundo a pesquisadora, é preciso manter animais dominantes em lotes separados. “Existe uma hierarquia entre os animais. Não se deve misturar os lotes ao transportar os animais. Se dois dominantes estiverem no mesmo lote , eles vão brigando até o frigorífico e a carne terá problema e será configurada com defeito de carne por estresse”, alertou.

ILPF

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é mais uma ação importante para o bem-estar animal. Além da sombra proporcinada, que pode reduzir a temperatura de 2ºC a 9ºC, as árvores aumentam a umidade do ar e do solo. À sombra, seja a natural proporcionada pelas árvores ou por sombrite, a produção de leite aumenta aproximadamente em 30%.

Mas o componente floresta ainda proporciona outras vantagens como a ação contra os ventos; redução das amplitudes térmicas, resultando em bem estar e conforto térmico; além da fixação de nitrogênio, ciclagem de nutrientes no solo e créditos de carbono. Também existe o enriquecimento cênico. “Na Europa, já se paga para visitar os locais, porque é bonito, é bucólico. Aqui no Brasil talvez se dê valor a esse atributo somente daqui a 15 anos, que é um excelente nicho de mercado”, opinou a pesquisadora. Outro benefício apontado é que com a adoção de forma adequada da ILPF pode dar à carne o selo de “Carne Carbono Neutro” (CCN), uma iniciativa da Embrapa Gado de Corte.

Escolha da espécie – Para a escolha da espécie de árvore, é necessário analisar as condições edafoclimáticas, o tipo de solo e o mercado. “Em Mato Grosso do Sul, o ideal é o eucalipto, que cresce cerca de 12 cm por ano, adapta-se bem em solos arenosos e ácidos e possui bom mercado para a venda da madeira”, afirmou Fabiana.

Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste

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