Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça e ex-subprocurador-geral, lembra do colega na PGR como “impulsivo e desequilibrado”
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot gostava de contar para os amigos que mantinha uma pistola e munição ao lado da cama enquanto dormia. Para quem conheceu Janot, isso era visto como evidência de que o ex-PGR sofria com mania de perseguição.
“Ele sempre fez questão de dizer que tinha uma Glock na cabeceira com dois pentes carregados”, diz o advogado Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça e ex-subprocurador-geral.
Aragão e Janot foram amigos, mas romperam a relação aos gritos e palavrões em maio de 2016 quando o primeiro retornou à PGR depois de deixar o cargo de ministro.
Janot disse ao Estado na quinta-feira, 26, que chegou a levar a pistola ao Supremo Tribunal Federal (STF) com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes e depois cometer suicídio.
“Ele (Janot) sempre foi impulsivo e desequilibrado. O que me deixou surpreso foi ele tornar isso público com tanta tranquilidade”, disse Aragão.
Segundo o ex-ministro, Janot usava a pistola como argumento para teses sobre perseguição. Ele dizia, por exemplo, que o fato de a arma ter sido deixada quando sua casa em Brasília foi alvo de invasão, em 2015, era indício de que não se tratava de crime comum.
“Ele dizia que se fosse um bandido comum teria levado a Glock. Pelo jeito se sentiu ameaçado”, disse Aragão.
No livro de memórias que está lançando, Nada Menos que Tudo, escrito em colaboração com os jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, Janot diz que foi o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso pela Lava Jato, o responsável pela invasão. “É uma pessoa de rompantes, muito agressivo quando incomodado, que fala muito palavrão e grita com as pessoas. Ele fez isso comigo”, disse Aragão.
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO
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