Testes em camundongos mostram que a pílula poderá ser ainda mais eficiente que a injeção
De acordo com estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy Society (PNAS), pesquisadores estão trabalhando para criar uma pílula de insulina como alternativa para o tratamento do diabetes. O novo medicamento pode tornar obsoleto o regime diário de injeções e beneficiar milhões de pacientes que sofrem com a doença crônica. De acordo com o The Guardian ainda não há disponibilidade para comercialização da medicação. Os testes estão sendo feito em animais.
O atual tratamento para o diabetes tipo 1, no qual o pâncreas não produz insulina (hormônio crucial para regular os níveis de açúcar no sangue), acontece por meio de injeções diárias – normalmente aplicadas duas ou quatro vezes por dia. Já no caso do diabetes tipo 2, a insulina produzida pelo corpo é insuficiente ou o corpo não responde ao hormônio da maneira como deveria, por isso alguns pacientes também necessitam utilizar as injeções para tratar a doença.
Pílula de insulina
Para criar a medicação alternativa contra o diabetes, os pesquisadores adotaram uma nova abordagem ao dispersar insulina em um líquido feito de dois componentes: a colina, nutriente que faz parte do complexo B de vitaminas, e o ácido gerânico, substância usada como tempero de alimentos. Durante os experimentos, a equipe colocou a mistura dentro de cápsulas feitas de um material capaz de suportar o poder de corrosão do suco gástrico e as injetou na garganta de seis ratos.
As observações revelaram que os níveis de açúcar no sangue dos animais caíram rapidamente, atingindo nas duas primeiras horas cerca de 62% dos níveis iniciais e 55% em 10 horas. Em contrapartida, quando a insulina foi oferecida em solução salina ou em cápsulas contendo colina ou ácido gerânico separadamente, notou-se pouco efeito nos níveis de glicose no sangue.
Injeção é menos eficiente
Os cientistas ainda realizaram testes com um quinto da dose de insulina em forma de injeção e os resultados mostraram que o nível de glicose no sangue dos camundongos reduziu rapidamente para quase metade. No entanto, após quatro horas, o valor se aproximou do nível inicial. O principal autor do estudo explica que a aplicação de uma dose menor de insulina injetada foi dada porque não há barreira à entrada do hormônio na corrente sanguínea, ou seja, o valor menor não interferiu nos resultados.
A eficiência da pílula em comparação com a injeção pode ser explicada pelo fato de que o líquido no qual a insulina foi dispersada impede que o hormônio seja decomposto por enzimas do sistema digestivo depois que a cápsula se dissolve.
Essa técnica ajuda a substância a passar pela camada de muco do intestino, permitindo sua entrada nas células intestinais, o que ajuda a insulina a chegar até os vasos sanguíneos. “Como a pílula é capaz de fazer todas as três coisas que são as três principais barreiras para a entrega oral da medicação para o diabetes, ela é muito eficaz em aumentar a absorção de insulina”, disse Mitragotri ao The Guardian.
Pílulas duram mais
Ao contrário da soluções de insulina para injeções, que precisam ser refrigeradas e duram apenas algumas semanas, o líquido utilizado na pílula permanece estável por dois meses à temperatura ambiente e pelo menos quatro meses se refrigerada, o que pode melhorar o tempo útil do medicamento.
Apesar dos resultados promissores, a nova medicação ainda precisa passar por ensaios clínicos, que só devem acontecer depois que testes em animais diabéticos mostrem os mesmos efeitos (os camundongos que participaram do estudo eram não-diabéticos). Por causa disso, a pílula pode levar anos para chegar ao mercado.
Além disso, alguns especialistas não têm certeza se a nova abordagem vai fornecer os níveis básicos de insulina exigidos pelos diabéticos tipo 1, ou se poderia ser usada para fornecer a quantidade de insulina necessária para os pacientes tipo 2.
FONTE: VEJA.COM
Add Comment