Os estragos causados no mercado de trabalho de vários países se mostram muito mais graves do que o estimado inicialmente, depois que governos estenderam os confinamentos para impedir a propagação do coronavírus.

Na quarta-feira, a Organização Internacional do Trabalho disse que o total de horas de trabalho será 10,5% menor neste trimestre do que antes do início da crise, o equivalente a 305 milhões de empregos formais em período integral. O número destaca a “deterioração significativa” da estimativa anterior de 195 milhões de empregos.

“É uma estatística difícil de capturar e todos temos que pensar no sofrimento humano que está por trás desse número extraordinário”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.

O número captura o impacto do vírus e das rigorosas medidas para conter o surto sobre a economia global. Embora essas medidas fossem necessárias para limitar o número de mortos, empresas tiveram de ser fechadas, pessoas demitidas e salários cortados. As medidas também custam bilhões de dólares em gastos com assistência social, com milhões de trabalhadores recebendo benefícios ou salários subsidiados em programas de demissões temporárias.

Embora trabalhadores de muitos países europeus tenham se beneficiado de uma forte proteção social, a OIT alerta que muitos não têm acesso a redes de segurança do trabalho.

Segundo Ryder, o vírus pode não ter fronteiras, mas discrimina em termos econômicos, principalmente os que estão na camada mais baixa, disse.

Quase 1,6 bilhão de trabalhadores informais são significativamente afetados por confinamentos ou trabalham nos setores mais atingidos. O primeiro mês de crise pode reduzir a renda desse grupo em 60% globalmente, com as maiores quedas na África e América Latina, segundo a organização.

Além disso, a taxa de pobreza relativa, definida como a proporção de trabalhadores com renda mensal abaixo de 50% da mediana, poderia aumentar acentuadamente.

A análise da OIT mostrou que mais de 400 milhões de empresas estão em setores de “risco”, como manufatura, varejo, restaurantes e hotéis.

Diante de tamanho prejuízo, governos desejam começar a reabrir as economias. Muitos definiram prazos difíceis, mas têm receio de agir muito rápido e desencadear uma segunda onda da doença.

FONTE: EXAME.COM