Senadores Marcos Rogério e Jorginho Mello acusam Cristiano Carvalho e Dominguetti de negociarem vacinas que não existiam
Os senadores governistas Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Mello (PL-SC) afirmaram que o depoimento do vendedor da Davati, Cristiano Carvalho, nesta quinta-feira (15) à CPI da Covid comprova que a empresa tentou um golpe no Ministério da Saúde que não deu certo.
A Davati Medical Supply negociou com integrantes do Ministério da Saúde a entrega de 400 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca. Ela também ofereceu, como informou nesta quinta Cristiano Carvalho, 96 milhões de unidades da vacina da Johnson.
Marcos Rogério chegou a pedir que todas as declarações de Carvalho fossem ignoradas após o depoente se recusar a dizer quem foi a pessoa responsável por pedir em seu nome auxílio emergencial do governo federal em 2020. Pelo menos motivo, o parlamentar afirmou que havia fundamento para um pedido de prisão do vendedor. “Mas não vou fazer isso”, adiantou-se o senador.
“Fiz apelo a Vossa Excelência [dirigindo-se ao presidente da CPI, Omar Aziz, do PSD-AM] por diversas vezes para não praticar tal ato [prisão de depoentes]. Eu não vou mudar minha posição neste momento, em respeito até ao patrono desse cidadão que está aqui hoje”, acrescentou Marcos Rogério.
O senador de Rondônia desqualificou o responsável por acusar o governo de se esforçar para comprar as vacinas da empresa declarando que ele sequer tem registro profissional de vendedor nem tampouco um documento que comprove sua ligação com a Davati.
Disse também que Carvalho contava uma história fantasiosa de vendas de milhões de vacinas que jamais foram entregues em nenhum lugar do país ou do mundo.
“Essa denúncia de propina teria sido vingança porque não conseguiram enganar o Ministério da Saúde?”, questionou o parlamentar.
Carvalho disse então acreditar que não se tratava disso e que os documentos mostram haver algo estranho na negociação.
“Existiu, sim, algo muito estranho. A tentativa de golpe ao Ministério da Saúde e ao conjunto de governos e prefeituras municipais”, opinou Marcos Rogério, que acusou a CPI de estar dando palco para “trambiqueiros” e “vendedores de ilusão”.
De acordo com o governista, foi um mérito do ministério travar o suposto golpe ao Brasil.
“Não chegou sequer a tramitar a proposta, zero chance de ir à frente. Mas aqui na CPI [o caso] é tratado como ‘isso é muito importante’, ‘essa revelação é muito importante’, ‘depoimento muito importante'”, zombou. “Qual o crime? Quanto foi pago? Nada.”
Na mesma linha, Jorginho Mello declarou que havia preparado algumas perguntas sobre a Davati, mas, diante das informações prestadas até aquele momento, não iria perder tempo.
Jorginho adicionou mais um adjetivo a Cristiano Carvalho e a Luiz Paulo Dominguetti: “picaretas”.
Dominguetti é o autor original da denúncia de que o ex-diretor do Ministério da Saúde pediu propina para comprar doses da vacina da AstraZeneca por meio da Davati.
“O senhor falou aqui do reverendo [Amilton Gomes de Paula, citado por Carvalho], citou o Vaticano. Isso é uma bobajada. É uma tentativa de um golpe que deu tudo errado”, analisou o senador catarinense.
Jorginho pediu para o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reforçar o sistema de compliance da pasta, para não permitir que pessoas como os representantes da Davati negociem com a pasta. “Não devem receber pessoas da qualidade do senhor Cristiano e do Dominguetti, para fazer essa picaretagem, essa venda, essa articulação. Isso não ajuda ninguém”.
E finalizou o curto discurso: “Eu encerro e não faço nenhuma pergunta, porque eu acho isso uma lambança tão grande que não merece consideração.”
FONTE: R7.COM
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