Na área rural de Ouro Preto do Oeste, onde passam menos veículos que na zona sul, diretor do DER é bem visto
O diretor-geral do DER, Elias Rezende, veio a público dizer que a máquina pavimentadora retirada irregularmente da zona sul de Porto Velho está na RO-470. Ele resolveu dizer onde está o equipamento somente depois que uma equipe de jornalistas investigativos representando quatro sites de notícia localizou o aparato.
A equipe filmou e fotografou a máquina, constatando pelo número de tombamento que se trata do mesmo equipamento que estava à disposição da prefeitura da capital. A logomarca do município tinha sido raspada. Depois começou a ouvir moradores, quando foi abordada por uma equipe do DER vinda da residência. Queriam saber o que os repórteres estavam fazendo no local, filmando a ação do departamento.
Os jornalistas explicaram ao pessoal do DER que a reportagem nada tinha a ver com o trabalho desenvolvido pelo departamento, e sim com o fato de aparentemente a estrutura do órgão estar sendo usada por Elias Rezende para caçar votos para aliados, como ocorre no interior, e prejudicar adversários, como aconteceu em Porto Velho.
Elias Rezende se notabilizou como garoto propaganda dos candidatos a prefeito apoiados pelo governo. Em Porto Velho ele não tenta fazer campanha, porque pegou muito mal para o governador retirar uma máquina que estava sendo usada para asfaltar ruas na zona sul. Mas no interior, onde aparentemente asfalto é trocado por votos, ele é querido.
Em Vale do Anari, onde o prefeito Afonso Freitas concorre à reeleição, Elias Rezende mais atrapalhou do que ajudou. Até opositores reconhecem que o prefeito tem trabalhado bem, mas quando fazer asfalto aparece como uma espécie de moeda de troca, o eleitor não vê com bons olhos, porque isso cheira a politicagem.
Ao longo da RO-470, que liga Ouro Preto do Oeste a Vale do Paraíso, Elias Rezende e o governador Marcos Rocha são vistos como heróis, porque levaram para lá uma máquina retirada de Porto Velho, onde a movimentação de veículos é muito maior do que naquela estrada. Lá, são muitas as palavras de apoio aos dois.
O garoto propaganda Elias Rezende, na página do DER, tenta justificar o crime cometido ao retirar o equipamento sem decisão judicial. Mas as suas justificativas estão sendo feitas de forma amadora. Em breve vão culpar o “estagiário”. Sua equipe insiste em afirmar que tentou “inúmeras” vezes reaver o equipamento junto à prefeitura.
De acordo com as regras, inúmeras e incontáveis são as estrelas do céu, as gotas de água no oceano e os grãos de areia no deserto. O restante é possível numerar e contar. Mas, se Elias Rezende não tem a competência necessária para saber quantas vezes alega ter buscado contato com a prefeitura, é outra história. Se ele fosse tão bom de conta quanto aparente ser para fazer politicagem, saberia.
Da Redação Folha
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