Maracanã e Beira-Rio tremeram. As vitórias garantiram o imprevisível confronto entre os brasileiros. Pela semifinal desta eletrizante Libertadores
Duas cenas épicas.
O Maracanã em festa, com os jogadores e 67 mil torcedores em êxtase.
No banco, destroçado pela emoção, o português Jorge Jesus descobria o que era o Flamengo.
No Beira-Rio, com direito a recorde de público, D’Alessandro e Paolo Guerro comandavam a inesquecível festa.
Celebração do domínio total sobre um tricampeão da Libertadores.
E o orgulho da caminhada invicta.
Internacional e Flamengo disputarão uma vaga na semifinal, da mais desejada competição do lado de baixo da linha do Equador, em 2019.
De forma completamente diferentes.
No Rio de Janeiro, o drama, a superação.
Em Porto Alegre, a confirmação do renascimento.
Um ano e meio depois da descida à inédita descida à humilhante Segunda Divisão, o Internacional voltou a mostrar sua sina de time vencedor.
O Internacional faz campanha irrepreensível na Libertadores. Se supera
Diego Vara/Reuters-31.07.2019
Nas mãos de Odair Hellmann, o time tem mostrado força física, compactação, objetividade e muita vibração.
Não representa o tradicional futebol brasileiro, de toque de bola, dribles desnecessários, falta de empennho defensivo.
O Internacional já desbancou o atual campeão da Libertadores, o River Plate, na fase de grupos. Terminou em primeiro. Fez campanha excelente, com quatro vitórias e dois empates contra os argentinos.
Com 14 pontos, Hellmann conseguiu a terceira melhor campanha entre todos os clubes da Libertadores.
E teve pela frente o tradicional Nacional pela frente, nas oitavas. O futebol uruguaio tenta superar a grave crise financeira dos seus clubes com a sua marca registrada. Entrega.
Só que garra, marcação fortíssima na intermediária e contragolpes em velocidade não bastaram.
Com D’Alessandro como maestro, empolgado por estar disputando uma das últimas Libertadores de sua vida, o meia conseguiu facilitar a vida de seus companheiros na competição.
Aos 38 anos, parece um menino rebelde e talentoso.
Guerrero e D’Alessandro. Rejuvenesceram nesta Libertadores
Site Internacional
Guerrero também esqueceu dos seus 35 anos. E parece empurrado pelo minuano colorado. Justificando plenamente a aposta em um jogador que estava mergulhado, punido pela acusação de doping.
Mas para que a parte ofensiva pudesse marcar os três gols das duas vitórias contra os uruguaios, 1 a 0, em Montevidéu, e 2 a 0, ontem em Porto Alegre, há o trabalho excelente da dupla de zagueiros Rodrigo Moledo, Victor Cuesta. Um dos grandes trunfos na campanha invicta do Internacional.
O Internacional é uma equipe que se impõe na atitude. Supera não ter um elenco milionário e tão talentoso. Seu jogo coletivo é o que importa. Tão forte capaz de eliminar o poderoso Palmeiras da Copa do Brasil.
Na partida de ontem, apesar de ter vencido no Uruguai, e só precisar de um mero empate, o Internacional pressionou, não deu oxigênio, correu ensandecido atrás da vitória.
Moledo e Guerrero marcaram o placar humilde, que não representou a realidade do jogo. 2 a 0 foi pouco demais. Se fosse, por acaso, 5 a 0, não seria exagero algum, tamanha a superioridade gaúcha.
Será esse time empolgadíssimo que o Flamengo terá pela frente. Com a desvantagem de jogar a partida decisiva das quartas, em Porto Alegre.
Mas o que aconteceu no Maracanã foi suficiente para o Flamengo não temer o que vier pela frente.
A tomada de consciência de Jorge Jesus foi fundamental. O português deixou a eufórica e irresponsável ideia de enfrentar o Emelec do espanhol Ismael Rescavo, adepto obsessivo de Pep Guardiola, com apenas um jogador de marcaçao na intermediária.
Foi sorte o Flamengo, de R$ 200 milhões, ter perdido apenas por 2 a 0, no Equador.
Para uma reviravolta histórica, para que o time carioca escapasse de sua maldição de cair nas oitavas ou na fase de grupos da Libertadores, dependeria da humildade de Jorge Jesus reconhecer o pecado.
E mesmo sem ser fã de Cuellar, o volante ao lado de Arão, foi fundamental para estabilizar o Flamengo.
Permitir que o time fizesse um primeiro tempo primoroso. Em um ritmo alucinante, conseguir marcar dois gols em apenas 18 minutos.
Com a personalidade que não mostrou na Europa, Gabigol assumiu a responsabilidade. No ataque foi fulminante, foi o jogador de confiança, dos arremates, do time de Jorge Jesus e de 67 mil flamenguistas.
Cobrou, com talento, o pênalti duvidoso de Bagüi em Rafinha, aos nove minutos. Depois, aos 18, completou jogada de Bruno Henrique pela esquerda. Estufou as redes com a bola vindo da linha de fundo.
O Flamengo entrou em campo para definir tudo no primeiro tempo. E se deixou levar pela emoção de sua torcida.
Se exauriu.
Ismael Rescavo percebeu.
E tornou a festa em um tormento.
O Maracanã ficou sem respiração com a postura do Emelec no segundo tempo. O espanhol surpreendeu Jorge Jesus. Ele adiantou as linhas de marcação, sufocou a saída de bola flamenguista. Como se estivesse jogando em Quito contra uma equipe pequena.
O Emelec criou e perdeu chances de marcar um gol e desmoronar o Flamengo.
De forma injusta, os equatorianos não conseguiram marcar.
A tensão só aumentou, e muito, quando foi confirmado que a definição da vaga para as quartas viria nos pênaltis.
O Flamengo havia sido eliminado da Copa do Brasil pelo Athletico Paranaense, no dia 17 de julho. Nas penalidades, no Maracanã.
De repente, o time passava a depender de Diego Alves, goleiro que foi xingado, excomungado por falhar no segundo gol do Botafogo, na vitória do Flamengo por 3 a 2.
E futebol proporcionou a inversão de papéis.
O vilão virou herói.
De vilão vaiado a herói aplaudido de pé. Diego Alves se impôs nos pênaltis
Reprodução/Twitter
Diego Alves defendeu a cobrança de Dixon Arroyo, volante que quebrou o tornozelo de Diego.
E o goleiro ainda viu o uruguaio, melhor jogador em campo, superando até Gabigol, cobrar seu pênalti no travessão.
Arrascaeta, Bruno Henrique, Renê e Rafinha marcaram. Assim como Angulo e Cortez para os equatorianos.
E o Flamengo conseguiu mais uma vez fazer o Maracanã tremer.
Vitória por 4 a 2.
Comemorada com a dramaticidade de final de campeonato.
Na festa, o time homenageou Diego, mostrando sua camisa 10.
Os jogadores comemoraram com a maior e mais vibrante torcida do Brasil.
Foi de tirar o fôlego.
Mas esta quarta-feira mágica para colorados e flamenguistas, ficou apenas uma certeza.
Essa disputa de quarta-de-final de Libertadores não tem favorito.
A dedicação se iguala ao talento puro.
O jogo decisivo em Porto Alegre tem grande peso.
Mas não é definitivo.
Flamengo e Internacional têm todos os ingrendientes para dois jogos espetaculares.
E imprevisíveis.
Mas agora a hora é de recuperar o fôlego.
A quarta-feira para os dois foi espetacular…
FONTE: R7.COM
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