O feriado da Proclamação da República foi marcado por protestos contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República e contra o que os manifestantes chamam de “ditadura do Judiciário”.
Pelo menos 13 estados registraram atos, sempre nas proximidades de bases militares. Cartazes com os dizeres “SOS Forças Armadas”, “as eleições foram roubadas” e “Supremo é o povo” eram comuns entre os manifestantes, formados em sua grande maioria por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Estes protestos ocorrem desde a noite de 30 de outubro, quando Lula foi anunciado vencedor da eleição presidencial. Em algumas cidades, como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, manifestantes estão acampados em áreas próximas a bases do Exército desde então. Mas o feriado de 15 de novembro fez com que mais pessoas se deslocassem a esses lugares para protestar.
Atos foram registrados em Brasília, São Paulo, Rio, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Campo Grande, Belém, Manaus e Aracaju. As maiores manifestações ocorreram em Brasília, São Paulo e Rio, com milhares de pessoas.
Na capital federal, eles se reuniram nas proximidades do Quartel General do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU). Caravanas e caminhoneiros de outros cantos do país se dirigiram à capital para participar do protesto na capital federal.
A Secretaria de Segurança Pública do DF, por questões de segurança, restringiu o trânsito na Esplanada dos Ministérios e fechou o acesso à Praça dos Três Poderes.
“O fechamento se deu por razões preventivas de segurança, para evitar circulação de veículos e pessoas no mesmo local, pois com a possibilidade de atos públicos na região central de Brasília, como identificado pelos setores de inteligência das forças de segurança. Após o término do evento e dispersão do público, a reabertura da Esplanada será avaliada”, afirmou a SSP da capital federal.
De tarde uma forte chuva que caiu em Brasília dispersou parte dos manifestantes. Alguns grupos, porém, continuaram no local.
Em São Paulo, os atos ocorreram nos arredores do Comando Militar do Sudeste (CMSE), perto do Parque Ibirapuera. E no Rio de Janeiro, eles se concentraram em frente ao Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste (CML), responsável pelo Exército Brasileiro no Rio, Minas Gerais e Espírito Santo.
Nesses locais era comum que manifestantes entoassem coros de “Forças Armadas salvem o Brasil” e “Se precisar, a gente acampa, mas o ladrão não sobe a rampa”, além de cantar o hino nacional e o hino à bandeira. As cores predominantes eram o verde e o amarelo. Apesar do clima pacífico, jornalistas da Jovem Pan foram hostilizados em Brasília e tiveram que deixar o ato sob escolta de militares.
O ex-comandante do Exército, general da reserva Eduardo Villas Boas, publicou nota em suas redes sociais defendendo os protestos contra o resultado das eleições. Na visão dele, os atos são contra “os atentados à democracia, à independência dos poderes, ameaças à liberdade e as dúvidas sobre o processo eleitoral”.
Villas Boas, que até junho era assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Jair Bolsonaro, também criticou “a indiferença da grande imprensa” em relação às manifestações e exaltou “a liderança, o equilíbrio, a serenidade e a autoridade” dos comandantes das Forças Armadas e do ministro da Defesa.
FONTE: GAZETA DO POVO
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