Estudos no interior paulista apontam redução de emissão da ordem de 3,5 mil kg por hectare de CO2 equivalente;
implementado em escala, sistema inserirá pequenos e médios produtores no emergente mercado de créditos de carbono
A Promip, de defensivos biológicos e a Delta CO2, consultoria com foco em indicadores de sustentabilidade ambiental, anunciam um método inédito no agronegócio, para viabilizar redução potencial de emissões de gases do efeito estufa e também aumentar o chamado ‘sequestro de carbono’. Sediadas na paulista Piracicaba, as empresas desenvolveram um sistema que, uma vez instalado em áreas cultivadas, conforme indicam estudos realizados no interior do estado, reduz, potencialmente, as emissões de gases de efeito estufa na proporção de 3,5 mil kg por hectare de CO2 equivalente.
De acordo com o CEO da Promip, Marcelo Poletti, o método é aplicável à prática do MIP ou manejo integrado de pragas. O MIP, esclarece ele, combina o emprego de biodefensivos microbiológicos (vírus, bactérias e fungos), macrobiológicos (ácaros, insetos e nematoides) e agroquímicos. Inicialmente, acrescenta o executivo, a pesquisa das empresas centrou no cultivo do pimentão, uma hortaliça quase sempre associada a resíduos de agrotóxicos.
“A expectativa é a de após novos estudos estender o sistema a outros cultivos FLV – frutas, legumes e verduras – e chegar aos grãos”, adianta Poletti. Uma das referências do mercado de insumos de matriz biológica para proteção de cultivos, a empresa nasceu na incubadora Esalqtec (Esalq/USP), em 2016. Hoje, possui uma das mais modernas biofábricas do País, com quase 60 mil m² e distribui amplo portfólio próprio de bioinsumos.
Poletti destaca que a ferramenta para medir emissões de CO2 está integrada ao programa MIP Experience, uma plataforma coordenada pela Promip que reúne várias empresas e privilegia a associação do manejo integrado de pragas a outras práticas sustentáveis na produção de alimentos. “Mensurar e controlar emissões coloca o MIP Experience em grau avançado de governança ambiental, social e corporativa (ESG)”, afirma ele.
Já a Delta CO2, também surgida na Esalqtec, foi criada em 2008 pelo engenheiro agrônomo Guilherme Cerri. Sua área de pesquisa & desenvolvimento é coordenada pelo consultor Carlos Eduardo Cerri. A empresa presta serviços a dezenas de médias e grandes companhias do agro, como ADM, AgroCP, AngloAmerican, Aprosoja, BASF, Bayer, Bourbon, CacauShow, Cutrale, FS Bioenergia, ICL, Illy, LCD, Mosaic, Nestlé, Pepsico, Raízen, Shell, Solvay, Suzano, Superbac e Tereos.
Conforme Guilherme Cerri, a Delta CO2 atua com objetivo de quantificar indicadores de sustentabilidade ambiental, emissão de gases estufa, sequestro de carbono, qualidade do solo, uso e qualidade da água. “Buscamos soluções personalizadas, de acordo com normas ou diretivas existentes no Brasil e no exterior.” Fazem parte desse portfólio, ainda, análises laboratoriais, estudos sobre biodiversidade do solo, pegada de carbono e biodegradabilidade de materiais.
Equipamento disruptivo
O sistema que une as empresas na parceria funciona ancorado em aparelhos utilizados pela Delta CO2, chamados ‘câmaras automáticas’. Instalados na lavoura, os equipamentos são controlados remotamente e medem localmente a proporção dos três gases geradores do efeito estufa: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). Com os indicadores à mão, explica Carlos Eduardo Cerri, a Delta CO2 põe em prática estratégias que ‘sequestram’ carbono nas plantas e no solo, via fotossíntese e decomposição, principalmente.
“Adotado em escala nos cultivos FLV, e mais tarde nas lavouras de grãos, esse método poderá inserir milhares de pequenos e médios agricultores brasileiros no mercado de créditos de carbono”, conclui Marcelo Poletti, da Promip.
Globalmente, as emissões de carbono da agricultura cresceram 17% nos últimos 30 anos. O Brasil é hoje o 3º maior emissor desse gás no mundo, atrás da China e da Índia, conforme relatório da ONU do final de 2021. No País, a agropecuária é o segundo setor que mais emite, sendo quase 70% do total provenientes da pecuária, de acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
FONTE: ASSESSORIA BUREAU DE IDEIAS / NETWORK FORCE
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