Ronaldo Cesar Coelho trabalhava como operador da campanha do tucano, à época em que José Serra foi candidato à presidência da República.
O empresário Ronaldo César Coelho, que trabalhou como operador da campanha do tucano José Serra à presidência em 2010, admitiu que recebeu repasse de dinheiro do PSDB na Suíça. A denúncia foi publicada neste sábado (7) pelo jornal Folha de São Paulo. A TV Globo confirmou as informações.
A reportagem da “Folha de S.Paulo” afirma que o ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho admite que recebeu recursos da Odebrecht no exterior. O dinheiro seria um ressarcimento a Coelho por ele ter adiantado o pagamento de despesas da campanha de 2010 do então candidato a presidente José Serra, também do PSDB. Naquele ano, Serra foi derrotado por Dilma Rousseff, do PT.
Em dezembro, o Jornal Nacional mostrou que no acordo de delação premiada, o ex-diretor da Odebrecht Carlos Armando Paschoal conhecido como Cap, disse ter pago ilegalmente R$ 23 milhões para a mesma campanha de Serra.
A reportagem da “Folha de S.Paulo” afirma que Ronaldo Cézar Coelho foi responsável pelo acerto de uma parte desse valor fora do país, de acordo com a construtora. Ainda segundo o jornal, a Odebrecht diz que o dinheiro foi repassado em uma conta na Suíça.
A reportagem afirma que a explicação de Coelho para os repasses da Odebrecht está alinhada a depoimentos de executivos da empreiteira de que as transferências não envolveram o pagamento de propina.
O advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira confirmou à reportagem do Jornal Nacional que o cliente dele, Ronaldo Cezar Coelho, recebeu dinheiro do PSDB numa conta na Suíça. O advogado explicou que os valores se referem a um ressarcimento pelo empréstimo do avião que Ronaldo cedeu a José Serra, durante a campanha presidencial.
“[Ele] Foi ressarcido pelo partido, combinou esse ressarcimento com o ex-presidente do partido Sergio Guerra. O partido pediu que ele indicasse uma conta bancária lá fora, ele indicou e o partido ressarciu as despesas que ele havia tido”, alegou.
José Serra, atualmente ministro das Relações Exteriores, informou, por nota, que não costuma comentar investigações em andamento e processos judiciais. E reiterou que todas as campanhas eleitorais dele foram feitas de acordo com a lei, com as finanças e sob a responsabilidade do partido.
Em nota, o PSDB disse que considera que Serra já se manifestou de maneira adequada sobre a questão. A Odebrecht disse que não se manifesta sobre o tema, mas reiterou o compromisso de colaborar com a Justiça.
O advogado informou que Ronaldo Cezar Coelho pagou multa e impostos para regularizar o dinheiro que tinha na Suíça, por meio do programa de repatriação aprovado pelo Congresso no ano passado.
Antônio Claudio Mariz de Oliveira disse, no entanto, que não sabe o valor total dos recursos que foram regularizados. Questionado pela reportagem da TV Globo se tal repasse pode trazer problemas contra seu cliente, Oliveira avalia que não:
“Não, não vejo consequência jurídica de caráter penal ou tributário, caráter civil, porque ele aproveitou-se da lei e regularizou o que lá estava”, afirmou.
Entretanto, ele não soube responder se a denúncia poderá atingir o PSDB. “Não sei. Aí é questão do partido com doador. Todos partidos deverão respondera essas questões todas. Não é só PSDB. Essa é uma praxe no país.”
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