Técnico da Seleção e coordenador explicam motivos de não convocações do lateral do Real Madrid e do goleiro do Botafogo, e questionam “comprometimento e respeito”
As ausências do lateral-esquerdo Marcelo, do Real Madrid, e do goleiro Jefferson, do Botafogo, nas últimas convocações da seleção brasileira deixaram questionamentos sobre a relação do técnico Dunga com os atletas. No Bem, Amigos!, uma pergunta de um internauta levantou o assunto numa pergunta a Dunga, mas foi o coordenador de seleções da CBF, Gilmar Rinaldi, quem pediu a palavra para explicar a situação, principalmente de Marcelo. Ele também questionou a declaração de Jefferson em uma participação ao programa comandado por Galvão Bueno (assista ao vídeo).
Sobre o caso referente a Marcelo, que não foi convocado para os jogos contra Uruguai e Paraguai, os últimos disputados pelo Brasil nas eliminatórias, Rinaldi citou o imbróglio da troca de mensagens. A comissão técnica alegou que o jogador não teria condições de jogo já que se recuperava de lesão. O técnico do Real, Zinedine Zidane, afirmou que Marcelo estava liberado.
– Essa coisa do Marcelo, vou explicar o motivo de a “culpa” ser dele (Dunga), mas fui quem fez toda a interlocução. Vamos deixar as coisas claras. O que aconteceu é que teve uma informação e nós esperávamos a comunicação (do Real Madrid) que não houve. Vou fazer uma inconfidência aqui: tem um WhatsApp sim, tenho um WhatsApp de um diretor do Real Madrid. Não posso mostrar. E ele (Dunga) ouviu o que o coordenador passou, o que o médico (Rodrigo Lasmar) me passou. O cara (internauta) se confundiu só porque o Dunga foi quem chamou o Marcelo pela primeira vez para a Seleção, e aqui no seu programa vi outro treinador da Seleção fazer uma crítica parecida, o Mano Menezes. Estamos lá fazendo um trabalho sério, não atrapalhe o nosso trabalho. Nós usamos os critérios mais justos possíveis, ouvimos todo mundo, demos oportunidades a todo mundo. Depois da entrevista coletiva do Dunga, o doutor teve uma conversa de mais de meia hora com ele (Marcelo) e eu estava do lado, então temos que entender o que a gente quer. Queremos mudar ou estamos contentes como estava o futebol? Alguém estava contente com o que aconteceu na Copa? Não tem que ter mudança? As atitudes não têm que mudar? Nós estamos mudando. A culpa é sempre dele (Dunga), mas nesse caso é minha, porque eu que fiz a interlocução. (O problema da ausência de Marcelo na convocação foi) comprometimento.
Dunga citou que algo teria acontecido depois do jogo contra o Chile, na estreia das eliminatórias, para terminar na ausência de Marcelo. O jogador, que esteve em campo nesta partida fora de casa, já não enfrentou a Venezuela na rodada seguinte, em Fortaleza.
– Respeito todas as profissões, mas tem algumas profissões no futebol que estão perdendo o rumo. Assessoria acha que tem que botar notícia que não é verdadeira. Isso vem-se a descobrir. Além da questão técnica, o jogador tem que ser comprometido e ter comportamento. Não vou falar tudo aqui, é só verem o que aconteceu depois do jogo do Chile na nossa chegada e vão entender tudo. Na Seleção passamos 24h trabalhando, não só eu. Estamos ligados e vamos fazer aquilo que tem que ser feito para o futebol brasileiro andar. Esse negócio que no futebol o cara é bom e pode fazer tudo o que quiser, até um limite pode fazer, desde que não atrapalhe a seleção brasileira. Uma coisa que estamos colocando na seleção brasileira é o centro de informação e inteligência, é o currículo do jogador no passado. Às vezes a gente vê o momento, mas não vê no passado como foi o comportamental dele. Já fez isso alguma vez? Já te deixou alguma vez na mão? Já teve esse comportamento? Então está repetindo? – questionou Dunga.
Quando ao fato de Jefferson também ter sido barrado e, mais tarde, nem mesmo convocado, Gilmar Rinaldi também comentou o assunto, e demonstrou não ter gostado das colocações do goleiro do Botafogo no Bem, Amigos. Apesar disso, afirmou que a questão para não ter sido convocado foi técnica.
– Vi ele falando e acho que tem todo o direito de se manifestar. Só que ele falou assim: “pelo meu histórico na seleção”… O único cara que colocou ele para jogar foi o Dunga, gente! Ele só jogou com o Dunga. Agora, ele tirou o cara e parece que caiu o mundo (…). Tem um treinador de goleiros que avalia o trabalho do dia a dia. Se ele é o treinador da Seleção e não puder fazer mudanças, desculpa, ele não pode ser treinador da Seleção e vou ter que interferir. Ele está lá para fazer a mudança que a consciência dele achar necessária, é simples. Do Jefferson, apenas a frase dele não entendi.
Dunga afirmou que Jefferson – que na verdade chegou a jogar com Mano Menezes e Luiz Felipe Scolari – pode ter sua opinião, mas demonstrou não ter gostado do que ouviu, principalmente ao citar que é preciso ter “respeito” por quem assumia a vaga, neste caso Alisson, do Internacional.
– Tive um treinador, o Jair Pereira, que falou uma vez para mim: “Dunga, vou te falar uma coisa, gosto muito de ti, mas gosto muito mais de mim. Se tiver que te tirar, vou te tirar”. Se for para o bem da Seleção, vou tirar. Aí, comentam: “a seleção é fechada, não muda nada”. Como o Gilmar falou, um goleiro que só jogou comigo, quer mais confiança que isso? Depois de uma Copa do Mundo coloquei de titular. Agora, o jogador tem que entender que dentro da Seleção tem uma competitividade muito alta. Você jogar e não jogar vai depender do momento e da situação, e tem que ter respeito e humildade pelo goleiro que está entrando, que esperou ele jogar. Ele tem a opinião dele, pode tranquilamente ser contra mim. Agora, vocês têm que ter a plena certeza: temos um centro de inteligência em que analisamos o jogador no clube, o comportamento fora e dentro do clube, a forma como joga no clube dele, a forma como toma gol no time dele, como faz gol no time dele, tudo é analisado para a gente ter o mínimo de erro possível. Agora, na Seleção ninguém é dono da posição, isso é competição – concluiu o técnico.
Fonte: globoesporte
Add Comment