SÃO PAULO (Reuters) – O dólar disparou nesta sexta-feira e operava em alta de cerca de 1,5 por cento ante o real, com investidores reagindo a notícias envolvendo o presidente Michel Temer e que podem atrapalhar os planos do governo de aprovar importantes medidas econômicas no Congresso Nacional.
Às 10:19, o dólar avançava 1,24 por cento, a 3,4359 reais na venda, depois de bater 3,4694 reais na máxima do dia, com valorização de 2,22 por cento. O dólar futuro subia cerca de 1,4 por cento esta manhã.
“Está havendo uma crise política que, caso se alastre, vai dificultar a aprovação de reformas, o que pega no mercado”, comentou o operador da Ouro Minas Corretora, Maurício Gaioti.
O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero afirmou em depoimento à Polícia Federal que Temer o pressionou para encontrar uma “saída” para o caso de uma obra de interesse do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, ampliando uma crise que inicialmente se restringia a Geddel e agora ameaça respingar no presidente.
A arrancada desta manhã levou o dólar para perto de 3,47 reais, nível considerado perigoso pelos profissionais do mercado e que pode levar o Banco Central a atuar ainda neste pregão.
No último dia 11, quando o dólar encostou em 3,40 reais, o BC fez dois leilões de swaps tradicionais –equivalente à venda futura de moeda — tanto para rolagem quando para colocar novos contratos no mercado.
“São grandes as chances de o BC fazer um leilão extraordinário pela manhã”, comentou o operador de renda fixa da corretora Mirae Asset, Olavo Souza.
O BC esteve fora nos últimos dois pregões e tem avisado que atua para corrigir distorções do mercado, estouro da volatilidade.
A delação premiada de executivos da Odebrecht também era citada nas mesas de operação como um foco de preocupação.
Com o local dominando as atenções, o cenário exterior acabou ficando em segundo plano. O dólar cedia ante uma cesta de divisas.
Na véspera, os mercados norte-americanos estiveram fechados pelo feriado do Dia de Ação de Graças e, neste pregão, fecham mais cedo, o que deve limitar a liquidez em outras praças.
Fonte: Reuters
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