No dia seguinte à entrevista em que a ex-gerente da Petrobras Venina Velosa afirma ter alertado pessoalmente Graça Foster sobre esquemas de corrupção na estatal, a presidente Dilma Rousseff saiu em defesa da amiga e afirmou que o seu afastamento não é “necessário” – ou seja, Dilma deve deixar a chefe da estatal sangrando em meio ao escândalo bilionário de corrupção.
Em café da manhã com jornalistas nesta segunda-feira, Dilma disse que Graça colocou o cargo à disposição do governo, mas ponderou que não pretende alterar a diretoria da Petrobras – apenas o Conselho de Administração do órgão, do qual já foi presidente. “Eu falei pra ela (Graça Foster) que, do meu ponto de vista, isso não era necessário. É óbvio que o cargo de todas as pessoas do governo estão a minha disposição. O fato de isso ocorrer (Graça colocar o cargo à disposição) é uma consideração comigo, é um ato que se podia chamar de educação política por parte da Graça”, disse Dilma.
Para a presidente, faltam provas que justificariam o afastamento da chefe da Petrobras. “Tem de ter alguma prova apresentada sobre qualquer conduta da Graça Foster. Eu conheço a Graça, sei da sua seriedade e da sua lisura. Acho que é importante saber qual é a prova que se apresentou (contra a presidente da Petrobras)”, afirmou.
A pressão pela demissão de Graça Foster e de toda a diretoria da Petrobras aumentou após revelações feitas pela ex-gerente Venina da Fonseca afirmar que Foster foi informada sobre as irregularidades em contratos firmados pela estatal. “Eu estive com a presidente pessoalmente quando ela era diretora da área de gás e energia. Discutimos o assunto. Foi entregue uma documentação com uma denúncia na área de comunicação”, disse ela em entrevista exibida na noite deste domingo no Fantástico, da TV Globo.
A declaração contraria posicionamento público da Petrobras, que, na última terça-feira, afirmou que a ex-gerente só havia feito afirmações vagas em mensagens e que Graça Foster só foi alertada sobre irregularidades em um e-mail enviado em 20 de novembro deste ano, após a demissão da funcionária.
O Fantástico mostrou um e-mail que Venina enviou para Graça Foster em outubro de 2011 em que ela se queixava sobre os técnicos da empresa estarem sendo passados para trás e sobre o “esquartejamento” de projetos para dificultar a fiscalização. Na época do e-mail, Graça Foster era diretora de gás e energia. Ela assumiu a presidência da empresa em fevereiro de 2012.
Fonte: VEJA
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