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Desmate na Amazônia deve passar de 10 mil km2, dizem cientistas

Se confirmada, informação significa que cifra volta a ter cinco dígitos depois de 11 anos

A taxa oficial de desmatamento na Amazônia, a ser divulgada nesta segunda-feira (18) pelo governo, deve ultrapassar 10 mil quilômetros quadrados. Caso isso aconteça, será a primeira vez desde 2008 que a cifra chega a cinco dígitos. A previsão é de uma análise publicada por cientistas brasileiros e britânicos na semana passada no periódico “Global Change Biology”.

O artigo científico, que busca explicar a crise das queimadas do meio do ano, teve um componente inusitado na história da pesquisa ecológica no Brasil: alguns de seus coautores se recusaram a assiná-lo, temendo represálias por parte do governo Bolsonaro.

O grupo liderado pelo ecólogo britânico Jos Barlow, da Universidade de Lancaster (Reino Unido), fez uma análise das queimadas deste ano a fim de avaliar as alegações do governo de que o número de focos em 2019 era “normal” e estava “abaixo da média histórica”. A resposta é não: a quantidade de queimadas em agosto foi três vezes maior do que no ano anterior e a mais alta desde 2010.

Aumentos dessa magnitude só foram observados neste século em duas outras ocasiões: em 2004, quando a taxa de desmatamento chegou a seu segundo maior valor na história, e em 2008, quando o governo baixou medidas duras para restringir o crédito rural a municípios que mais desmataram.

Relação direta

“De janeiro a agosto deste ano, a gente viu quase 47 mil focos de incêndio. A última vez que vimos isso foi em 2010, só que em 2010 houve uma seca extrema em grande parte da Amazônia, o que não é o caso em 2019”, explica a também ecóloga Erika Berenguer, carioca filiada às universidades de Lancaster e Oxford e coautora do trabalho.

Como outras análises já haviam mostrado, o grupo de Barlow afirma que a quantidade incomum de queimadas está diretamente relacionada a uma elevação igualmente incomum na taxa de desmatamento em 2019. Ainda em agosto, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) mostrou que as queimadas estavam fortemente correlacionadas ao desmatamento. No mês seguinte, mostrou que esse desmatamento ocorria sobretudo em propriedades privadas – um sinal de que fazendeiros estão se sentindo à vontade para desmatar no governo Bolsonaro.

Aumentos dessa magnitude só foram observados neste século em duas outras ocasiões: em 2004, quando a taxa de desmatamento chegou a seu segundo maior valor na história, e em 2008, quando o governo baixou medidas duras para restringir o crédito rural a municípios que mais desmataram.

Relação direta

“De janeiro a agosto deste ano, a gente viu quase 47 mil focos de incêndio. A última vez que vimos isso foi em 2010, só que em 2010 houve uma seca extrema em grande parte da Amazônia, o que não é o caso em 2019”, explica a também ecóloga Erika Berenguer, carioca filiada às universidades de Lancaster e Oxford e coautora do trabalho.

Como outras análises já haviam mostrado, o grupo de Barlow afirma que a quantidade incomum de queimadas está diretamente relacionada a uma elevação igualmente incomum na taxa de desmatamento em 2019. Ainda em agosto, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) mostrou que as queimadas estavam fortemente correlacionadas ao desmatamento. No mês seguinte, mostrou que esse desmatamento ocorria sobretudo em propriedades privadas – um sinal de que fazendeiros estão se sentindo à vontade para desmatar no governo Bolsonaro.

Na série de 2020, iniciada em agosto e que “pertence” integralmente ao governo atual, a alta não parou: apenas entre agosto e outubro, o número de alertas soma 3.929 km2, o que já representa 57% de tudo o que se perdeu em 12 meses da série de 2019.

Surpresa

Barlow e colegas estimaram um fator de conversão médio entre um sistema e outro usando a série histórica. Eles mostraram que, na média, o Prodes é 1,54 vez mais alto que o Deter. Caso essa taxa se repita, a cifra de devastação divulgada será de cerca de 10.500 km2.

A notícia de que os dados serão divulgados na segunda-feira foi dada pela coluna da jornalista Sonia Racy, no jornal “O Estado de S.Paulo”, e pegou de surpresa até mesmo os pesquisadores do Inpe, onde a entrevista coletiva de lançamento do dado será concedida.

Segundo o Observatório do Clima apurou, a divulgação do Prodes foi adiantada a pedido do ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. Ele viajará aos Estados Unidos e não queria que seu colega Ricardo Salles (Meio Ambiente) lançasse o dado sozinho.

 

FONTE: Observatório do Clima

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