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Delator relata R$ 100 mil mensais ao ministro do TCU Augusto Nardes

Brasília - O ministro do TCU, Augusto Nardes, fala à imprensa em seu gabinete (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O membro do Tribunal de Contas da União teria movimentado R$ 1,2 milhão em corretora alvo da Lava Jato

Em delação premiada, o ex-subsecretário de Transporte do Rio Luiz Carlos Velloso afirmou que o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), movimentou R$ 1,2 milhão na corretora Advalor, alvo da Operação Lava Jato nesta sexta-feira (10/8). O delator informou que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco o apresentou a Advalor “em razão do pagamento mensal de R$ 100 mil mensais ao ministro Nardes”.

Augusto Nardes foi o ministro do TCU responsável pela análise das contas da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Em 2015, Nardes atribuiu a então presidente “responsabilidade direta sobre as pedaladas fiscais”.

O depoimento de Luiz Carlos Velloso foi prestado em 30 de maio de 2017 e subsidiou a investigação da Lava Jato sobre a Advalor.

A Polícia Federal prendeu nesta sexta (10), pela manhã, o empresário João Paulo Julio Pinho Lopes, filho de Miguel Julio Lopes, ambos ligados à corretora.

A delação de Luiz Carlos Velloso foi homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli. O ex-subsecretário também cita em suas declarações o deputado federal Julio Lopes (PP-RJ).

“Barusco apresentou a corretora em razão do pagamento mensal de 100 mil reais ao ministro Nardes; que o dinheiro já estava lá porque Barusco tinha conta lá; que tratou sempre com Miguel Julio Lopes”, relatou. “Depois da investigação da Lava Jato acredita que Miguel que foi morar definitivamente em Portugal, quando passou a tratar com seu filho João.”

Depoimento
Luiz Carlos Velloso narrou que “pegava a cópia dos extratos da conta da Advalor e guardava no cofre para fins de controle”. O delator contou que “acumulava muita coisa e jogava fora os extratos antigos”. “Usou também a Advalor para receber o dinheiro de caixa 2 destinado à campanha de Julio Lopes pago por Marcos Vidigal; que o dinheiro do colaborador nessa conta se restringia à remuneração paga por Nardes ou Julio Lopes ao colaborador”, declarou.

No depoimento, o ex-subsecretário afirmou que, “para operacionalizar a conta, tinha de comparecer na Advalor antes para avisar que seriam feitos depósitos”. Velloso disse que “avisava com uma semana de antecedência para realizar saques na conta da Advalor ou ainda solicitar que recursos fossem entregues no escritório político”.

“A Advalor também fazia transferências para terceiros em conta de pessoas indicadas pelo colaborador, conforme comprovantes; Que as transferências em benefício de Flávio Camilotti foram feitas pela Advalor a mando do colaborador e a pedido de Nardes; Que quando queria o dinheiro, comparecia diretamente na Advalor para sacar o dinheiro”, afirmou. De acordo com o delator, para Julio Lopes, “os saques eram feitos de acordo com as necessidades da campanha”.

Velloso declarou que a corretora “sempre levou o dinheiro para o escritório político”. “Nunca redirecionou dinheiro inicialmente destinado a Julio Lopes para Nardes; que, eventualmente, numa necessidade de Nardes pode ter feito isso, mas nunca houve conexão entre eles”, contou. “A conta era única e tinha dinheiro dos três, do próprio colaborador, Nardes e Julio Lopes; que, atualmente, a conta deve ter aproximadamente 700 mil; Que acredita que 350 mil pertencem ao colaborador, sendo os outros 350 mil pertencentes a Julio Lopes.”

O delator afirmou que estava “desatualizado” dos valores porque não lidava com a Advalor há dois anos. Velloso disse que “começou o relacionamento” com a corretora em 2012. “A conta do escritório político movimentou R$ 3,5 milhões para Julio Lopes; que para o ministro Nardes movimentou na Advalor aproximadamente 1,2 milhão; que movimentou na Advalor uns R$ 600 mil referentes a gastos pessoais”, relatou.

FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO

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