Esporte

Corinthians paga caro pela insensatez de Andrés. Carille voltou

O presidente desprezou Carille há sete meses. Agora, teve de implorar, pagar o dobro, e fazer o clube gastar muito. Mas o técnico voltou

O Corinthians acaba de anunciar oficialmente a maior derrota de Andrés Sanchez: a volta de Fábio Carille.

Nem se fosse um parente do treinador, ele não conseguiria imaginar uma negociação tão favorável. Um presente de Natal. Com o dinheiro do Corinthians.

Carille havia feito um trabalho sensacional no clube.

O ex-auxiliar de Mano Menezes e Tite assumiu interinamente o cargo a contragosto de Andrés. Embora não fosse o presidente, ele era o mentor de Roberto de Andrade. Era para tapar buraco, acabar o ano de 2016, marcado pela saída de Tite para a Seleção Brasileira e dois péssimos trabalhos.

O primeiro, de Cristóvão Borges, indicado por Andrés. O segundo, muito pior, Oswaldo de Oliveira, de responsabilidade de Roberto de Andrade. Desesperados, pela fragilidade dos conceitos táticos de Oswaldo, os jogadores procuravam Carille para saber o que fazer em campo. A diretoria percebeu o erro grotesco que cometeu e demitiu Oswaldinho depois de nove partidas.

Carille ficou no cargo enquanto Andrés estudava outros nomes. O dirigente o enxergava como mero auxiliar, depois de exercer o cargo por sete anos.

Só que sua competência foi tão grande que se impôs como técnico.

Andrés e Fábio Carille nunca foram próximos.

O técnico sabia que não havia contado com o apoio do homem que manda no Corinthians desde 2007, quando foi eleito.

Ao voltar para a presidência do clube, depois de um período medíocre como deputado federal, e assistir a decadência de seu padrinho político, o ex-presidente Lula, Andrés sabia que encontraria Carille.

Ele havia feito o Corinthians campeão paulista de 2017 e também conquistado, de forma fabulosa, o Brasileiro.

A relação entre os dois seguiu fria.

Andrés já foi logo avisando que a situação financeira do clube exigia ‘sacrifícios’. Ou seja, desmanche da equipe campeã.

Mesmo assim, Carille conseguiu vencer novamente o Paulista, derrotando o milionário Palmeiras, em plena arena lotada do rival.

Foi quando seu agente Paulo Pitombeira procurou Andrés avisando que tinha uma proposta da Arábia Saudita por Carille. Pitombeira acreditou que o dirigente tentaria segurar o técnico.

Andrés Sanchez tem por convicção, ou pelo menos tinha depois deste ano, a certeza de que o treinador é figura menor no time de futebol. Quem decide são os jogadores dentro do campo.

O então treinador corintiano recebia R$ 300 mil.

Os árabes ofereciam  R$ 1 milhão, mais de três vezes o que recebia no Parque São Jorge. Mas Carille, se recebesse uma proposta de aumento, ficaria no clube. R$ 450 mil o seguraria.

Andrés não fez o menor esforço para tentar segurar Carille. Se arrependeu amargamente

Andrés só desejou ‘boa sorte’, não ofereceu um centavo de aumento. Ele queria investir em Osmar Loss, auxiliar, que havia feito ótimo trabalho na base.

Carille saiu em maio.

Faz exatamente sete meses.

Foi para a pré-temporada com o Al-Wehda, equipe que havia saído da Segunda Divisão.

Mesmo com uma infraestrutura fraca, Carille conseguia fazer ótimo trabalho. O time está em quinto, com a mesma pontuação do quarto colocado. Faz campanha surpreendente até para os dirigentes árabes.

Andrés acompanhou toda a insegurança que o seu pupilo Osmar Loss levou à fraca equipe, resultado do desmanche na janela do meio do ano. O presidente decidiu contratar Jair Ventura, que havia feito um trabalho muito bom no Botafogo. Não levou em conta seu fracasso no Santos.

Deveria.

Jair Ventura chegou à final da Copa do Brasil por conta dos adversários fracos e sorte contra o Flamengo. O clube perdeu a decisão diante do Cruzeiro, fazendo a torcida se revoltar no Itaquerão. Em seguida, no Brasileiro, fez campanha de time rebaixado. O Corinthians se salvou porque acumulou pontos no primeiro turno.

Andrés passou a ser pressionado pelos chefes das organizadas, conselheiro e membros de sua própria diretoria. Para que Carille voltasse. O dirigente foi para a Inglaterra procurar Kia Joorabchian, pedir ajuda na busca de reforços. E sabia também que Paulo Pitombeira estaria por lá, buscando negociações.

Pediu uma reunião com ele e pediu a volta de Carille.

E teve de abrir os combalidos cofres corintianos para o técnico que desprezou.

Carille assinou contrato até o final de 2020.

Recebendo R$ 600 mil mensais. Mais bônus por conquista.

Além disso, o Corinthians teve de arcar com a multa de R$ 2,9 milhões com o Al Wehda.

Andrés foi o Papai Noel para Carille.

Carille não gostou da infraestrutura do Al Wehda. Adaptação foi difícil

O treinador aceitou voltar por conta de sua família.

Ele tem uma relação muito profunda com seus parentes, principalmente os pais, que moram em Sertãozinho, interior de São Paulo. Além disso, a vida na Arábia Saudita não é fácil para qualquer família estrangeira.

O Corinthians é sua casa.

E também há o efeito colateral de ver Andrés implorando sua volta.

Além de ter o status de treinador importante e reconhecido.

Além dele, estarão de volta o auxiliar técnico Leandro da Silva, o Cuca, o preparador físico Walmir Cruz, o observador Mauro da Silva e o analista Dênis Lupp.

Andrés Sanchez só barrou o preparador de goleiros Mauri Lima, que deverá seguir por lá. Os dois se desentenderam e não se falam.

Leandro Idalino deverá seguir no cargo.

A volta de Fábio Carille é uma derrota para Andrés Sanchez.

E também lição.

Ele passará a enxergar a importância dos técnicos no futebol.

O técnico já começou a trabalhar.

Indicar jogadores.

Carille deixou uma imagem vitoriosa muito forte. Daí, a volta em sete meses

Sua reapresentação oficial ainda não está marcada.

Mas o anúncio oficial de sua volta foi feito hoje.

Para a felicidade do aliviado Andrés Sanchez.

O mesmo que não quis nem tentar segurá-lo em maio.

Quem paga por essa insensatez?

Os cofres corintianos, lógico…

FONTE: R7.COM

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Marcio Martins martins

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