‘Conselho de Ética’ da Assembleia Legislativa disse não ver provas contra Lebrão e arquiva representação
Filmado colocando dinheiro num saco de lixo, recebimento de uma suposta propina, o deputado estadual Eurípedes Clemente, o Lebrão (MDB), pode ficar despreocupado. Se depender de seus colegas de parlamento, ele ficará no cargo até o final do mandato, apesar de ser acusado de extorsão e recebimento de propina de um empresário do ramo de coleta de resíduos sólidos.
Existe até vídeo em que Lebrão aparece colocando o dinheiro num saco de lixo, mas seus colegas do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de Rondônia ficaram cegos coletivamente, decidiram “perdoá-lo” e arquivaram a representação que pedia sua cassação. Eles dizem não haver provas contra o amigo.
Porém, segundo a Polícia Federal, Lebrão só não foi preso na época porque tem imunidade parlamentar.
Ao mandar prender prefeitos e fazer busca e apreensão no endereço de Lebrão, o desembargador Roosevelt Queiroz Costa (TJ-Rondônia), que não padece da mesma miopia dos colegas de Lebrão, anotou no despacho: “As imagens são revoltantes e certamente causam e causarão abalo na sociedade ordeira e que trabalha duramente para pagar tributos e manter seu sustento. É traumático saber que chefes de Poder desçam tão baixo em período tão crítico da vida nacional e, diante de tão grave repercussão, a ordem pública é sim turbada e deve ser restabelecida – sem dizer que há nítida pretensão para que não cessem os pagamentos e novas exigências”.
Já eram favas contadas que o tal Conselho de Ética da Assembleia passaria a mão na cabeça do deputado, até porque o presidente do colegiado é ninguém menos do que o notório deputado Edson Martins, do mesmo partido de Lebrão, e que está com seus dias contados na ALE. A justiça já mandou afastá-lo do cargo por conta de malfeitorias cometidas quando era prefeito. Mas ele permanece lá, protegido pelos colegas.
Aquilo que os colegas de Lebrão não conseguiram ver (o vídeo em que ele aparece botando o dinheiro no saco…de lixo) saiu até no Jornal Nacional.
Quem não teve muita sorte na ocasião foi a filha do deputado Lebrão, Gislaine Clemente (MDB), a Lebrinha, então prefeita do município de São Francisco do Guaporé e, assim como o pai, acusada de envolvimento no esquema. Ela amargou algumas semanas de cadeia após ser afastada do cargo pela justiça.
Além dela, outros prefeitos também foram presos na mesma Operação Reciclagem da Polícia Federal e pelo mesmo motivo: exigência de propina a empresário prestador de serviço às prefeituras.
A investigação contra Lebrão seguirá no âmbito policial e judicial, mas ele também não precisa ficar muito preocupado com isso.
Basta ver que a justiça rondoniense demorou mais de três anos e meio para receber a denúncia contra o deputado estadual Izequiel Neiva (PTB) envolvido num escândalo de R$ 30 milhões quando era diretor geral do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Ele só se tornou réu nessa segunda-feira, 31, e, a julgar pelas pressões exercidas pela direção da ALE para que a imprensa não publicasse nada sobre o recebimento da denúncia do Ministério Público de Rondônia contra o parlamentar, Lebrão também terá a mesma proteção no legislativo estadual.
FONTE: TUDO RONDÔNIA
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