Com apoio de partidos, comissão será instalada na próxima quarta-feira, durante sessão conjunta da Câmara e do Senado
O Congresso Nacional vai instalar nesta semana uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as chamadas fake news nas redes sociais. Fato raro no Legislativo, a criação do colegiado fez políticos de diferentes partidos — do PT ao PSL — apoiarem a iniciativa, mas por interesses diversos, que vão da eleição de Jair Bolsonaro em 2018 até a divulgação da troca de supostas mensagens envolvendo o ministro da Justiça, Sérgio Moro, quando era juiz em processos da Operação Lava Jato.
A CPI mista deve ser oficializada na quarta-feira, quando o Congresso realiza uma sessão conjunta de deputados e senadores para votar alterações no Orçamento da União. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM–AP), se comprometeu a ler o requerimento de instalação da CPI mista e já há acordo entre partidos do Centrão e da oposição para indicar os membros do colegiado.
Na arena política, o que se pretende é blindar congressistas que são alvos de ataques na internet e identificar responsáveis por essas críticas. Entre os alvos potenciais, estão apoiadores de Bolsonaro e parlamentares aliados que fazem transmissões ao vivo nas redes sociais durante as votações do Congresso, grupo conhecido como “bancada da live“. “Vamos começar para ver o que vai dar. Tem gente cometendo crime de covardia ficando atrás de celular e computador atacando a honra e a dignidade das pessoas, desrespeitando as ideias”, comentou o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA). “Hoje você pensa diferente do Bolsonaro e os seguidores dele vão te atacar.”
Alencar disse que foi um dos alvos de apoiadores do presidente da República quando o Senado aprovou um projeto para anular os decretos que flexibilizavam o porte de armas no País.
Aliados. No PSL, a intenção é afastar a CPI mista dos aliados de Bolsonaro e blindar o governo. O deputado Coronel Tadeu (PSL–SP), por exemplo, propõe que a comissão investigue o site The Intercept Brasil por divulgar supostas mensagens trocadas entre Moro e o coordenador daLava Jato no Paraná, o procurador Deltan Dallagnol. “Vamos botar em pratos limpos o que é verdade e o que não é. Estão plantando muita mentira nessa história toda e conseguindo desestabilizar o quadro político”, afirmou o parlamentar, que promete combater as iniciativas da oposição na CPI. “Tem vários casos de fake news no passado que podem voltar a ser objeto de investigação de uma CPI. Se a CPI for até o final mesmo, o PT se enterra de vez. É o tiro no pé que eles estão dando.”
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO
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