Estudo pode levar a avanços em reprodução assistida e terapias com células-tronco
RIO -Pesquisadores de dois diferentes estudos anunciaram nesta quarta-feira uma quebra de recorde para o cultivo de embriões humanos em laboratório, mantendo-os vivos e ativos por 13 dias, além da fase em que eles naturalmente se implantariam no útero materno.
O feito foi saudado pela comunidade científica como um marco e pode levar a avanços no conhecimento sobre reprodução assistida e terapias com células-tronco, mas desafia uma lei que proíbe o cultivo de embriões em laboratório por mais de 14 dias.
Ainda que tenham sido cultivados por 13 dias — e, portanto, dentro do prazo — o estudo traz à tona reflexões sobre pedidos de revisão do limite legal.
— Esse é o mais enigmático e misterioso estágio do desenvolvimento humano. É neste momento que é determinada a forma básica do corpo — disse em entrevista à agência de notícias “Reuters” a professora Magdalena Zernicka-Goetz, uma das líderes do estudo pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, que foi publicado em duas revistas especializadas, a “Nature” e a “Nature Cell Biology”. — Uma cultura mais longa poderia claramente fornecer informações críticas sobre a biologia humana básica. Mas isso também levanta a questão de onde colocaríamos o próximo limite — analisou a pesquisadora.
Até agora, acreditava-se que os embriões não pudessem resistir e amadurecer fora do útero por tanto tempo, mas os cientistas usaram um método de criação de culturas biológicas, já testado em embriões de ratos, e conseguiram observar de perto o desenvolvimento dos embriões humanos até o 13º dia de crescimento.
Os dois grupos de pesquisa relatam vários acontecimentos ocorrendo entre 10 e 13 dias de desenvolvimento, desde a formação do blastocisto — uma fase de embrião em que divisões celulares estão em curso — à fase pós-implantação, que ocorre depois que o embrião adere à parede do útero, ou, neste caso, um substrato de fixação. Estas observações destacam as diferenças de desenvolvimento entre ratos e embriões humanos, incluindo a especificação do tipo de célula e organização do tecido.
Ao contrário de experiências anteriores, em que o crescimento não ultrapassava sete dias, os embriões desta vez mostraram uma inesperada capacidade de se auto-organizarem fora do útero.
— O desenvolvimento embrionário é um processo extremamente complexo, e, embora o nosso sistema não seja capaz de reproduzir completamente cada passo, revelou uma capacidade incrível de auto-organização que antes era desconhecida — explicou a pesquisadora Marta Shahbazi.
Fonte: oglobo
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