Agronegócio

Chuva deve congestionar entrega de soja no Paraná; setor se preocupa com qualidade

As chuvas em excesso no Paraná levantam preocupações quanto à qualidade da soja da safra 2017/18 e alertam para a possibilidade de um “congestionamento” nas entregas da oleaginosa às cooperativas do Estado, disseram à Reuters especialistas do setor no segundo maior produtor nacional.

Nos últimos sete dias, choveu até 30 mm acima do normal em algumas áreas do Paraná, segundo o Agriculture Weather Dashboard, do terminal Eikon da Thomson Reuters. E há mais chuvas previstas para o Estado nos próximos dias.

Isso, aliado a um atraso no plantio devido à seca em setembro e outubro, faz com que a colheita neste ano esteja cerca de 20 dias atrasada.

“Isso implica principalmente no atraso do plantio do milho safrinha”, disse o analista Maiko Zanella, da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), referindo-se ao cereal de segunda safra, semeado logo após a colheita da soja.

“Mas também pode ocasionar concentração no recebimento de grãos pelas cooperativas… Tem cooperativa que já deveria ter recebido 90 por cento da produção no sudoeste e oeste do Estado, mas só recebeu 50 por cento”, destacou Zanella, acrescentando que os impactos de um eventual “congestionamento” dependerão da logística de recebimento das empresas.

Conforme o analista, 70 por cento da safra de soja do Paraná é enviada às cooperativas e até o momento um terço da área foi colhida, contra dois terços geralmente observados nesta época do ano.

Pelas estimativas do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura do Estado, o Paraná deve colher neste ano 19,25 milhões de toneladas da oleaginosa, inferior às 19,83 milhões de toneladas de 2016/17.

“A colheita será concentrada porque o plantio também foi concentrado”, disse o economista Marcelo Garrido, do Deral, que deverá atualizar seus dados de avanço de colheita ainda esta semana.

Tanto Garrido quanto Zanella disseram que a qualidade da soja pode ser afetada pela umidade em excesso, mas que ainda é cedo para se mensurar eventuais perdas, já que isso depende do desenrolar da colheita, do clima de agora em diante e das condições de armazenamento.

Ambos, contudo, destacaram a maior proliferação de ferrugem em lavouras de soja, doença que se manifesta com mais intensidade quando há maior umidade.

“(A ferrugem) aumentou, mas o produtor conseguiu controlar, o que acarretou mais custos para ele”, disse Zanella.

MILHO

A perspectiva de atraso também no plantio de milho safrinha em razão dos problemas observados na colheita de soja levou alguns municípios a pleitearem um maior zoneamento para realizar a semeadura do cereal e, com isso, estarem aptos a linhas de créditos subsidiadas.

“Os municípios que terminavam o plantio de segunda safra até 31 de janeiro conseguiram estender o prazo até 20 de fevereiro. Os que finalizem em 20 e 28 de fevereiro pleitearam uma extensão do prazo para 5 e 10 de março, respectivamente”, disse Garrido, do Deral.

O departamento projeta uma produção de 12,3 milhões de toneladas de milho safrinha neste ano no Paraná, queda de 8 por cento ante 2016/17. A área plantada com o cereal deve alcançar 2,15 milhões de hectares, recuo de 11 por cento.

FONTE: REUTERS

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