Evento foi palco do reforço das políticas públicas voltadas ao setor
Visitantes ilustres, sublimes lembranças, aceitação de desafios e compromissos. Nesse molde, a segunda edição do “Café no Museu” despertou mais as pessoas a conhecer a maior riqueza histórica e cultural do Estado: o Museu da Memória Rondoniense (Memo).
Em live transmitida pelas redes sociais com o tema “Do Museu para a Vida”, os convidados de sexta-feira (26) fizeram declarações de amor a Porto Velho e ao Estado, manifestando o sentimento de ver o público, depois da pandemia da Covid-19, subindo as escadarias do antigo Palácio Presidente Vargas para se inteirar do acervo documental, arqueológico e artístico ali depositado.
Por meio da Fundação Cultural do Estado de Rondônia (Funcer), o chefe de equipe do Museu, e educador patrimonial, João Pedro Rabello ouviu os depoimentos da presidente da Fundação, Simone Catarina Bitencourt; da diretora do Memo, Liliane Sayonara de Melo Lima; e da ex-funcionária Alyne Mayra Rufino dos Santos, e da ex-estagiária, Rosinaira Gonzaga.
Rosinaira Gonzaga lembrou do seu começo na instituição, quando se inscreveu e estagiou no Memo. Agora ela fará mestrado em pesquisa no Museu Emílio Goeldi, em Belém (PA). “Depois, quero voltar e continuar estudando a nossa região”, disse.
MIGRAÇÃO DO ACERVO
Alyne Mayra contou que antes de trabalhar ali, esteve num resgate arqueológico em Altamira (PA). A convite da ex-diretora Ednair Nascimento, participou da migração de grande parte do acervo até então depositado no Prédio do Relógio devido enchente de 2014 no rio Madeira.
“Eu sempre quis trabalhar aqui, e nesse primeiro emprego realizei meu sonho de conhecer a professora Nazaré da Silva foi para mim um rico aprendizado todo dia, junto com seu Augusto e seu Luiz, sempre presentes, e se eu não passasse pela prática no museu, pouco aprenderia da tramitação de processos “, agradeceu.
Também elogiou a historiadora e acadêmica de letras Yedda Borzacov, a quem considera guardiã da história e inspiradora das mulheres em gestão patrimonial pública.
Lembrou que o Centro de Documentação, no qual recebeu pesquisadores de universidades brasileiras de diversas regiões e até estrangeiros, ocupava duas salas do espaço bem mais amplo disponível no prédio construído no início dos anos 1950, no governo de Araújo Lima.
Alyne viu e participou do arquivamento de papéis, mapas e documentos de alto valor, e estudou cada coleção: “Vi tudo migrar para o computador, mas os originais também permanecem lá”. A organização da Exposição da Festa do Divino ficou indelével em sua memória: “Nós andávamos com as pernas da Funcer, não era fácil, passei noites sem dormir. Lá estavam a Bailarina da Praça e o artista plástico Bototo nos apoiando, tudo foi muito bom; quero um dia voltar depois do livro e formada, porque a percepção do Museu me fez apaixonar por ele”, contou.
POPULARIZAR O MUSEU
A diretora Liliane de Melo, que já trabalhou na Secretaria de Estado da Educação (Seduc) se orgulha de ter pais e avós nascidos em Porto Velho e defendeu o direito de os rondonienses exercerem de fato o pertencimento. “A população pode se apropriar e conhecer mais sua própria história; eu tenho vontade de sair por aí com um carro de som, chamando as pessoas para conhecer o museu”, disse. E completou emocionada: “É peneira, é garimpo, não é difícil trazer essa dimensão; a exposição é o básico, mas a pesquisa nos aprofunda muito mais”.
Lembrou que, ao receber o convite para dirigi-lo, já havia pensado na grande dimensão desse patrimônio. “O secretário considerou importante ter junto com os técnicos alguém com gestão de História, então, vejo a Funcer como grande promotora do nosso patrimônio e estudiosa de nossa identidade; em oito meses eu percebi o resgate da cidadania feito pela professora Nazaré, e acredito que na condição de gestora temos o dever de contar a história do nosso povo”, defende.
ACESSO A PESQUISADORES
“Fizemos um planejamento e orçamento, daí veio a pandemia a nos desafiar para o resgate de espaços e o fortalecimento do Museu”, comentou a presidente da Funcer, Simone Bintencourt,
Ex-integrante da Superintendência da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel), onde conheceu todos os segmentos culturais, ela constatou que as pessoas, notadamente, pesquisadores de diferentes instituições federais, querem ter acesso aos bens patrimoniais do Memo. “Ao patrimônio arqueológico, por exemplo, que é muito rico”.
Simone e Liliane entendem que o prédio palaciano veio transportando a história desde antes do extinto Território Federal do Guaporé e hoje, a respeito dele, é possível sentir a narrativa de pessoas que antes a ele não tinham acesso. No que a ex-servidora Alyne observa: “Museu não é apenas o espaço para se guardar peças raras, fragmentos arqueológicos, mas um lugar para as pessoas visitarem e se entender como partícipes da história: uma senhorinha da periferia, por exemplo, certamente visitando-o, se lembrará do tempo em que só passava em frente ou ao lado do palácio e nunca soube o que havia ali dentro”.
“MINHA VISÃO MUDOU”
A ex-estagiária Rosinaira Gonzaga sintetizou o seu sentimento: “Minha visão mudou, a partir do momento em que recebia visitantes”.
Ela conta que um dia chegou à porta do prédio uma pessoa que se encontrava na fila bancária, próxima, na rua D. Pedro II. Ela lhe perguntou: “Aqui é o quê?”. Rosinaira explicou-lhe um pouco do histórico da antiga sede do Governo desde o período territorial, enquanto adentravam ao prédio. “E ali o cidadão conheceu tudo o que temos a lhe mostrar, fez sucessivas perguntas e teve conhecimento do que é o Museu, que simboliza a construção de nossa história”, acrescentou.
Na primeira edição, o programa rememorou o futebol de antigamente em Porto Velho.
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