Estudo do Observatório do Clima prevê uma transição energética até 2050 que não prejudique a economia brasileira
Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (22/10) pelo Observatório do Clima aponta caminhos para o Brasil chegar a 2050 com a emissão de dióxido de carbono (CO2e) 80% menor do que é emitido atualmente. O relatório “Futuro da Energia: visão do Observatório do Clima para uma transição justa no Brasil” prevê a emissão de 102 milhões de toneladas de CO2 até 2050, caso sejam cumpridas as diretrizes de transição energética para transportes, indústrias e energia.
Segundo o estudo, mesmo com os compromissos positivos relacionados à produção de biocombustíveis e ao aumento de fontes renováveis, a produção de CO2 advinda do setor de energia poderá chegar a 558 milhões de toneladas daqui a 25 anos. Dessa forma, o levantamento pretende mostrar uma forma de transição energética justa, com metas e compromissos firmes e tecnicamente fundamentados e factíveis, sem ignorar o crescimento da demanda energética em diferentes cenários de crescimento econômico, além das particularidades e desafios de cada atividade analisada.
A pesquisa se baseia em uma “transição justa”, ou seja, segundo o Observatório do Clima, as trocas energéticas devem ser feitas de maneira a não prejudicar os trabalhadores envolvidos, sem que cause um problema socioeconômico para o país. “Falamos muito sobre transição justa. Obviamente, não é só trocar uma fonte por outra. Precisamos observar os impactos que esses processos têm tanto para os trabalhadores quanto para a economia”, explica Ricardo Baitelo, gerente de projetos do Instituto Energia e Meio Ambiente, organização que integra o Observatório do Clima.
De acordo com Ricardo Baitelo, a área mais avançada na transição energética é o setor de eletricidade. “O setor de energia elétrica foi o que já conseguiu fazer uma boa lição de casa. Estamos vendo a expansão da energia eólica, a solar, e, até 2050, prevemos que essas produções podem chegar a ser até seis vezes maior que hoje”, aponta.
As medidas incluem a eliminação de subsídios do governo aos combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral), mudanças na Petrobras e no modelo de desenvolvimento energético do país. Além disso, Baitelo explica que os outros setores também podem encontrar uma boa maneira de chegar à transição energética, por meio de transportes elétricos, o uso de biocombustíveis e o desenvolvimento de indústrias de hidrogênio verde.
“Os três eixos que calculamos, os setores de elétricos, transportes e industriais, podem alcançar essa marca de 100 milhões de toneladas de CO2, mas, se nada for feito, se o governo continuar como está, vamos chegar até a casa de 580 milhões de toneladas de CO2 por ano em 2050”, diz Baitelo. Em 2022, as emissões do setor ficaram em 490,6 milhões de toneladas de CO2e, segundo dados do SEEG/Observatório do Clima.
O gerente de projetos também aponta o papel do governo federal em acelerar a transição energética. “Nós vemos o governo aberto para discussão sobre os planos de transição, mas reconhecemos que temos um cenário politicamente complexo, principalmente no Congresso Nacional e no ambiente internacional. As grande potência ainda tem pacotes de transição muito protecionistas, que aumentam o tamanho do desafio de alinhamento.”
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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