Após três meses congelado, o preço de referência do diesel volta a ser reajustado com base na nova metodologia de cálculo. Especialistas garantem: quem paga a diferença é o consumidor.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou – no fim da noite de quinta-feira (30), com atualização nesta sexta-feira – os novos preços de referência e de comercialização do óleo diesel, que estavam congelados há três meses.
Ao divulgar a tabela com o reajuste, a ANP ressaltou que “os novos valores refletem os aumentos dos preços internacionais do diesel e do câmbio no último mês”.
A nova tabela passará a valer a partir desta sexta-feira (31). Ela deverá causar aumento nas bombas que, em alguns casos, chega implicar em reajuste de mais de 14%, como é o caso da Região Centro-Oeste, onde o preço do diesel vai passar de R$ 2,1055 para R$ R$ 2,4094.
Valores por regiões
O segundo maior preço a ser praticado a partir de hoje é o da Região Sudeste, onde o preço do produto passa de R$ 2,1055 para R$ 2,3277; Sul (de R$ 2,0462 para R$ 2,3143, alta de mais de 10%); e Nordeste onde a alta superou 12%, com o preço do produto indo de R$ 2,0065 para R$ 2,2592.
No Norte, também com alta superior a 12%, o preço do produto irá de R$ 1,981 para R$ 2,2281, o menor preço praticado no país.
Como parte do acordo que pôs fim à greve dos caminhoneiros, que paralisou o país, o preço de comercialização do litro do diesel estava congelado em R$ 2,0316 por litro desde junho último.
Diferença será paga pelo consumidor
Após três meses congelado, o preço de referência do diesel volta a ser reajustado com base na nova metodologia de cálculo divulgada no começo da semana pela ANP.
O congelamento do preço de referência do diesel foi parte decisiva da negociação do governo federal para pôr fim à greve dos caminhoneiros. Para não causar prejuízos às refinarias e distribuidoras, o governo garantiu subsidiar em até R$ 0,30 por litro do combustível até o dia 31 de dezembro deste ano.
O novo preço do diesel leva em conta sobretudo a alta do preço do barril do petróleo e do dólar. Nesta quinta-feira, o petróleo fechou no maior valor em mais de um mês.
“Como o o dólar foi a R$ 4, o preço do diesel subiu muito no mercado. Então, aqueles 30 centavos não estão sendo suficiente para cobrir os custos das distribuidoras”, afirma o sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires.
A mudança na fórmula de cálculo do preço de referência do diesel partiu de uma cobrança das distribuidoras. Porém, a nova metodologia não atenderá às expectativas, segundo adiantou o presidente da Plural, Leonardo Gadotti.
Segundo o executivo, o pedido para mudança do cálculo partiu “basicamente daquelas [distribuidoras] que importam o produto”. O Brasil produz 70% do diesel que consome, e os outros 30% são importados.
“As distribuidoras pediam que a fórmula considerasse os custos de transferência do produto dos portos até a região de comercialização. Sob esse aspecto, o pedido foi atendido. O problema que surgiu é que se estabeleceu na fórmula um custo menor de logística e excluiu a margem de remuneração das importadoras. Assim, voltou à estaca zero. A fórmula existe, mas não incentiva ninguém a buscar o produto lá fora”, ressaltou Gadotti.
Enquanto o preço do diesel está controlado, a gasolina não integrante do programa de subvenção tem batido recordes de valor nas refinarias da Petrobras, com a estatal seguindo a política de repassar valores do mercado internacional e do câmbio.
O preço médio do litro do diesel nos postos do país ficou em R$ 3,371 na semana passada, segundo levantamento da ANP. A previsão era de que o valor do diesel nas bombas seria reduzido em R$ 0,46. Desde a véspera da greve até agora, de acordo com o levantamento da ANP, o desconto do preço médio foi de R$ 0,22.
FONTE: Agência Brasil/G1
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