Equipe apura mais de 80 milhões de arquivos digitais sobre rompimento da barragem que deixou 270 vítimas em 25 de janeiro deste ano
A Polícia Federal espera concluir até o fim do ano as investigações sobre o rompimento da barragem B1 da mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. A tragédia completa oito meses nesta quarta-feira (25). Ao todo, das 270 vítimas, 249 foram identificadas e 21 permanecem desaparecidas.
A equipe da PF destacada para apurar o fato analisa mais de 80 milhões de arquivos digitais. São textos, fotos e outros tipos de documentos que dão a dimensão do processo que trata do maior crime humano e trabalhista do Brasil. A PF utiliza softwares para fazer a indexação do material mas, segundo o delegado Luiz Augusto Pessoa Nogueira, “é impossível analisar tudo em tão pouco tempo”.
Essa é a justificativa para que o delegado decidisse desmembrar o inquérito. A primeira fase foi concluída na última semana, quando 13 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal por terem cometido o crime de uso e falsificação de documentos, de acordo com o previsto no artigo 69-A da Lei 9.605/98.
De acordo com a PF, sete funcionários da Vale e seis da Tüv Süd sabiam do risco de rompimento da barragem de Brumadinho e, mesmo assim, atestaram a estabilidade da estrutura por meio de documentos falsos. Eles são acusados de cometer o crime em três momentos no ano passado: uma vez em junho e duas vezes em setembro, ao utilizar documentos para atestar a estabilidade da barragem, mesmo tendo informações de que o fator de segurança da estrutura era mais baixo que o exigido pela própria mineradora.
Em junho, a Tüv Süd inseriu o relatório no sistema da ANM (Agência Nacional de Mineração). Em setembro, a consultora alemã entregou o documento de inspeção regular da barragem à ANM e à Feam (Fundação Estadual do Meio Ambiente). As penas, somadas, podem chegar a 27 anos.
Segundo os depoimentos e conversas de e-mail analisadas pela Polícia Federal, funcionários das duas empresas multinacionais tinham receio em atestar a estabilidade da barragem e tinham informações de que a estrutura dava sinais de que não estava em boas condições. No entanto, as equipes trabalharam juntas para emitir a DCE (Declaração de Condição de Estabilidade);
Indiciados
1) Vale
Alexandre Campanha (gerente-executivo de Governança de Geotecnia Corporativa)
Marilene Lopes (gerente de Gestão de Estruturas Geotécnicas)
Felipe Figueiredo Rocha (engenheiro ligado à Gestão de Riscos Geotécnicos)
Washington Pirete (engenheiro)
César Grandchamp (geólogo)
Cristina Malheiros (engenheira)
Andréa Dornas (engenheira)
2) TÜV SÜD
Chris-Peter Meier (Diretor de Desenvolvimento de Negócios e gerente de Negócios de Infraestrutura da TÜV SÜD, na Alemanha)
Makoto Namba (coordenador de Projetos)
André Yassuda (consultor de geotecnia)
Arsenio Negro Jr. (consultor e dirigente da empresa)
Marlísio Cecílio (engenheiro geotécnico sênior)
Ana Paula Ruiz Toledo (engenheira geotécnica sênior)
Outro lado
A reportagem entrou em contato com as duas empresas sobre o indiciamento de seus funcionários pela Polícia Federal. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Tüv Süd disse que não iria comentar.
Já a Vale disse que tomou conhecimento nesta sexta-feira (20) sobre o inteiro teor do relatório e que vai avaliar o texto antes de se manifestar. Segundo “a mineradora, a empresa e seus empregados continuarão contribuindo com as autoridades e responderão às acusações no momento e ambiente oportunos”.
FONTE: R7.COM
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