Com demonstrações de caráter como a do vendedor de bala, fica mais fácil lidar com a crise, reforma da previdência e o embaixador brasileiro nos EUA?
Longe de mim duvidar da honestidade do brasileiro. Por mais que o povo insista em eleger executivos, deputados e senadores corruptos ou indignos como os nossos, credito isso mais a uma fé inabalável na conversão de ladrões pés-de-chinelo em gangstêres inimputáveis do que a algum profundo apreço pela imoralidade.
E se há um ensinamento que permeia toda a sociedade é o que afirma que o pobre é mais honesto, solidário e generoso que o rico. Bons exemplos não faltam. E daí?
O vendedor de balas Phellipe Guimarães vem juntar-se à teimosa legião de pessoas simples que, de tempos em tempos, nos lembra que nem só de canalhice e violência é feita a alma deste país.
É dele a campanha na internet que busca a senhora de cabelo ruivo que fez uma compra de R$ 2 em doces e pagou com uma nota de R$ 100.
Um detalhe que torna mais edificante a história de Phellipe é ele ter sido assaltado, na rua onde mora, dois dias antes de iniciar a gincana para devolver os R$ 98 da incauta cliente. O desapego ao ódio e à vingança coloca o ambulante em um patamar superior de honradez e caráter.
Não sabemos – agora que a elevada atitude viralizou – como se dará o comprovado reconhecimento da mulher que, de forma inadvertida, remunerou a maior o fortuitamente correto vendedor. Que ao menos esse dinheiro não lhes faça falta, a nenhum dos dois, seja ou não devolvido.
Phellipe ao menos sabe em que ônibus carioca deu-se a balbúrdia: na linha 383 (Realengo – Praça da República). E que a compradora ruiva ostenta uma tatuagem de borboleta na mão, além de na hora portar uma bolsa de estampa de onça. Que bela memória, a do rapaz.
Com ações assim fica mais fácil lidar com a crise econômica, o desemprego, a reforma da previdência, a embaixada americana e a falta de assunto.
FONTE: R7.COM
Add Comment