Uma pequena proteína, mas com efeito devastador. Em ação, a TOPK promove o crescimento de tumores em tecidos humanos, especialmente aqueles considerados muito agressivos. Quanto maior for a quantidade dessa molécula, menor a sobrevida do paciente. Dedicada a cortar de vez o potencial destrutivo dela, uma equipe de cientistas liderada por Yusuke Nakamura, do Departamento de Medicina da Universidade de Chicago (EUA), parece ter encontrado uma feroz combatente da TOPK: a OTS964. Os experimentos, ainda em animais, foram relatados na edição de hoje da revista científica Science Translational Medicine.
A TOPK está expressa de maneira mais evidente no tecido tumoral que no saudável, especialmente em casos de câncer de mama triplo negativo e de pulmão — ambos muito agressivos. O primeiro representa 20% de todos os tipos de câncer, e não há uma droga alvo ou equipamento específico para tratá-lo. Por esse motivo, as pacientes são submetidas a uma quimioterapia convencional. Segundo Nakamura, o maior desafio foi escolher as substâncias que seriam testadas. “Nós selecionamos 300 mil compostos inicialmente. Depois, sintetizamos mais de mil e encontrei alguns que estavam propensos a trabalhar em seres humanos. Estamos focados no mais eficaz. Agora, achamos que temos algo muito promissor.”
Os estudos iniciais, com uma droga precursora chamada OTS514, indicaram que ela é eficaz para matar as células cancerígenas, mas causa efeitos colaterais. O principal deles é a interferência no processo de hematopoiese — a diferenciação das células do sangue. Nos testes, houve um aumento na produção de plaquetas que pode resultar em maior ocorrência de trombose. Ao mesmo tempo, ocorreu uma queda na produção de leucócito, aumentando as chances de leucopenia, uma diminuição das defesas do organismo devido ao menor volume de glóbulos brancos.
Esses problemas, a princípio, puderam ser superados com o uso de um lipossoma para envolver a medicação e entregá-la com mais segurança às células. Trata-se de pequenas bolsas redondas formadas por camadas duplas de fosfolipídios, consideradas as mais comuns dos vetores de transporte não virais de genes. A abordagem foi chamada pelos pesquisadores de “eliminação completa da toxicidade hematopoiética” e, com ela, eles chegaram à versão final da droga: a OTS964.
Fonte: Correio Braziliense
Add Comment