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Menos empresas aderem à licença-maternidade de seis meses

Em 2015, 41% ofereciam o benefício. Em contrapartida, em 2018 eram apenas 34%

Um levantamento da consultoria de recrutamento executivo Talenses revelou que menos empresas estão aderindo à licença-maternidade de seis meses. Em 2015, 41% ofereciam o benefício. Em contrapartida, em 2018 eram apenas 34%.

A enfermeira Helen Barros, de 36 anos, é um retrato das mulheres que têm que deixar os filhos em casa após os primeiros 120 dias e voltar à labuta. Aconteceu em suas três gestações. Como consequência, tanto o vínculo com o bebê quanto a amamentação foram afetados.

— O Ministério da Saúde recomenda amamentação exclusiva com leite da mãe até os seis meses. Mas meus filhos, de 8 e de 3 anos, assim como a bebê de 11 meses, desmamaram precocemente, aos 4 meses, porque não tem como ter livre demanda se você só chega em casa à noite. Mesmo tirando o leite, tinha que completar com fórmula. Isso aumenta o risco de infecções, as crianças ficam mais gripadas — enumerou Helen.

Para o diretor da Talenses, Rodrigo Vianna, muitas empresas ainda acreditam que oferecer seis meses de licença pode prejudicar seus resultados. O Programa Empresa Cidadã prorroga por mais 60 dias a duração da licença-maternidade e por 15 dias, além dos cinco já estabelecidos, a duração da licença-paternidade. Em troca, a empregadora pode deduzir do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) devido o total da remuneração da funcionária pago no período de prorrogação de sua licença-maternidade. De acordo com a Receita Federal, no ano passado, eram apenas 21.245 participantes cadastradas.

O Grupo Boticário é uma delas. A companhia oferece, além da extensão da licença, apoio nutricional e um programa especial criado para preparar a mulher para a maternidade. Após o nascimento, colaboradores e colaboradoras recebem a visita de uma enfermeira para acompanhar os primeiros cuidados.

Mais tempo para os pais

A pesquisa da Talenses ainda mostrou que mais empresas estão aderindo à licença-paternidade de 20 dias. O número cresceu de 18% em 2015 para 23% em 2018. A razão da mudança, apontada por 28% das entrevistadas, foi a retenção de talentos. Outro motivo relevante, apontado por 62%, é a crença de que não havia pontos negativos para uma licença-paternidade maior.

A Via Varejo — que reúne as Casas Bahia e o Pontofrio — concede o benefício para os homens desde abril do ano passado. Até então, foram 670 colaboradores que se beneficiaram com a extensão da licença-paternidade. A proposta é que os pais possam participar mais dos primeiros dias de vida de seus filhos, reforçando os laços afetivos e de cuidados com o bebê.

De acordo com o diretor da Talenses, Rodrigo Vianna, algumas empresas entenderam que os cuidados com as crianças precisam ser mais bem equilibrados entre os pais e passaram a oferecer também home office no retorno das licenças, maior flexibilidade de horários e possibilidade levar os filhos para o trabalho.

FONTE: Agência O Globo

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