Dia a dia crescem as especulações em torno da nova safra do Brasil, do potencial que as lavouras do país ainda carregam e, principalmente, com todos os profissionais de olho nas previsões climáticas para os próximos dias. Afinal, algumas regiões produtoras receberam precipitações na última semana, mas com elas ainda se comportando de forma irregular e com volumes limitados.
No intervalo dos últimos cinco dias, de acordo com informações do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) os maiores acumulados foram observados no estado de Minas Gerais – com mais de 60 mm – quase todo o estado de Mato Grosso e áreas pontuais de Mato Grosso do Sul.
Já o Paraná – onde a situação é a mais crítica e as perdas na soja as mais severas – registrou acumulados de apenas algo entre 9 a 15 mm, como em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Nos últimos 10 dias, o estado paranaense viu acumulados de chuva variando entre 20 e 40 mm e no estado gaúcho os volumes foram ainda mais limitados, assim como em quase toda a Bahia – com exceção do Oeste do estado, na fronteira com Minas, Tocantis e Goiás.
Mato Grosso recebeu algo, no intervalo, entre 50 e 120 mm, assim como Goiás e áreas de Mato Grosso e do Tocantins.
E nos próximos dias, as previsões são de melhores precipitações para o Sul do Brasil, enquanto o padrão no Matopiba continua mais seco. O centro do país também recebe chuvas, porém, ainda mal distribuídas e volumes limitados.
Mapa com a previsão de precipitação acumulada para até 174 horas (04/01 a 10/01) – Fonte: Inmet
Para Michael Cordonnier, Ph.D em agronomia e um dos mais respeitados especialistas em agricultura da América do Sul, uma das maiores preocupações é a antecipação do ciclo das lavouras nestas regiões que sofrem com as adversidades climáticas.
“Um dos impactos do tempo muito quente e seco durante dezembro (e início de janeiro) tem sido a aceleração da maturidade da soja. Em muitas áreas secas, os produtores estão reportando que a soja está amadurecendo de 20 a 30 dias mais cedo, o que resulta em grãos pequenos e perdas irreversíveis de produtividade”, diz Cordonnier.
O momento, porém, é de bastante incerteza. Devido os diferentes estágios de desenvolvimento das lavouras de soja do país neste momento, as estimativas para a nova safra ficam difíceis de serem obtidas. Com números prévios, o que as consultorias já conseguem afirmar é que o Brasil não deverá colher mais de 120 milhões de toneladas nesta temporada.
Para a Agrinvest Commodities, a safra, até este momento, está estimada em cerca de 117 milhões de toneladas, contra sua estimativa inicial de 123 milhões.
Há áreas no Paraná e Mato Grosso do Sul, onde as condições são mais severas, que ficaram mais de 30 dias sem chuvas, neste que é momento determinante para a boa consolidação das lavouras.
E para a especialista Cristina Queiroz, da Rural Tecnologia, o clima vem reservando muitas surpresas e elas não param onde estão até este momento. Segundo ela, o Oeste e Sul do Paraná são as regiões mais afetadas do estado, com perdas consolidadas.
Em Mato Grosso do Sul, destaque para Douradina, onde as perdas de produtividade têm sido estimadas entre 35% e 40%. A colheita já começou no município e as primeiras lavouras trazem cerca de 25 sacas por hectare, contra a média de 55 da safra anterior.
“A região está com lavouras muito irregulares e mal desenvolvidas por conta das chuvas irregulares, inclusive com lavouras já com perdas totais”, relata o presidente do Sindicato Rural da cidade, Cláudio Pradela.
No link a seguir, veja a íntegra da entrevista de Pradela ao Notícias Agrícolas nesta quinta-feira:
Um levantamento da Aprosoja Minas Gerais mostra que o estado já apresenta, por conta do clima adverso, uma safra entre 10% e 15% menor do que a do ano anterior. O estado passou por um período de 25 dias sem chuvas e lavouras com desenvolvimento bastante comprometido.
“Temos casos de produtores aqui na minha cidade (Capinópolis) que pediram até seguro da lavoura para ver a seriedade dessa estiagem. É lógico que isso não é a nível de estado, em que eu creio que teremos uma queda na produção de 10 a 15%. Isso nos preocupa e faz o produtor ficar apreensivo”, diz Wesley Barbosa de Freitas, presidente da Aprosoja Minas Gerais.
Saiba mais na entrevista de Freitas:
Em Tocantins, as perdas estimadas estão na casa dos 5% em todo o estado, segundo relata o vice-presidente da Aprosoja TO, Dari Fronza
“Acho que o Tocantins possa produzir um número parecido com o do ano passado, com uma média de 50 sacas por hectare. O que preocupa agora são as chuvas do mês de janeiro”, diz. “Ainda tem soja pequena no sul do estado, dependente de muita chuva. E agora é imprescindível voltar a chover , senão a quebra vai ser maior”, completa.
O estado ainda vem recebendo chuvas em forma de pancadas e em áreas de divisa com o estado do Maranhão, já sofrem com um período de veranico, de 23 dias sem chuvas. Nesta safra, Tocantins plantou 15 dias mais cedo suas lavouras de soja.
FONTE: NOTICIAS AGRÍCOLAS
Add Comment